A Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba avançam nas investigações sobre o registro de furto de celulares apreendidos pela Receita Federal e doados ao Hospital Padre Zé, em João Pessoa, como forma de aumentar a receita da instituição.
O principal investigado é Samuel Rodrigues Cunha Segundo, que chegou a ser preso, mas foi posto em liberdade no início do mês. À época, a Polícia solicitou mais tempo à justiça para dar prosseguimento a apuração.
Segundo depoimentos colhidos pelas autoridades, que a reportagem do Portal MaisPB teve acesso, há a suspeita de que Samuel tenha vendido os telefones que deveriam ser comercializados durante feiras promovidas pelo Hospital. Uma das vendas teria sido feita a uma loja virtual de telefones de João Pessoa. O proprietário disse ter “adquirido diversos celulares diretamente do investigado [Samuel Segundo], pagando a ele a importância de R$ 40 mil por meio de sua genitora”.
Já o dono de outra loja afirmou que “foi procurado por Samuel para adquirir um smartwatch Apple, ao que ofereceu em troca um iPhone 12 pro max na caixa, tendo Samuel ainda transferido um valor remanescente da diferença, R$ 1,6 mil”.
Os investigadores apuram se Samuel teria “praticado abuso de confiança contra o Padre Zé”, uma vez que “foram subtraídos equipamentos eletrônicos doados à instituição”.
Em parecer encaminhado à Justiça na semana passada, o promotor Arlan Costa Barbosa se manifestou pela necessidade da quebra de sigilo e bloqueio bancário, já solicitados pela Polícia.
Para o Ministério Público, a medida se faz precisa para “obter as informações de transações realizadas das contas bancárias citadas, sendo também imprescindível o bloqueio de eventuais valores existentes, para, dessa forma, viabilizar as devidas restituições à vítima”.
Na última segunda-feira (18), o juiz José Guedes Cavalcanti Neto, da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, sinalizou que poderá autorizar a quebra de sigilo. O magistrado solicitou à que a Polícia Civil informe à Justiça “a numeração do Pedido de Cooperação Técnica (SIMBA), a fim de que os resultados da quebra de sigilo bancário sejam recebidos diretamente pela autoridade policial representante”.
Até a publicação desta matéria, a defesa de Samuel não tinha se manifestado. O espaço segue aberto.
Diretor do Hospital Padre Zé renuncia posto
O padre Egídio de Carvalho Neto renunciou ao cargo de diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, na última segunda-feira (18). A unidade hospitalar é o centro de uma investigação que apura o furto de celulares doados pela Receita Federal à instituição. A partir da renúncia, a direção passa a ser exercida pelo padre George Batista.
Em nota, a Arquidiocese da Paraíba afirmou que não recebeu qualquer notificação oficial referente a investigações em curso relacionadas a possíveis irregularidades na gestão do Hospital Padre Zé, conforme reportagens veiculadas nos meios de comunicação, as quais, em tese, poderiam caracterizar crimes.
O furto dos celulares foi denunciado à Polícia Civil pela própria direção do hospital.
“É importante destacar que o Pe. Egídio de Carvalho Neto exerceu suas funções junto ao Hospital Padre Zé até o dia 18 de setembro de 2023, ocasião em que apresentou sua renúncia”, diz a nota.
A Arquidiocese reforçou que, assim como o Hospital Padre Zé, se compromete a colaborar integralmente com as investigações em curso, disponibilizando todos os recursos e informações necessários para que as apurações avancem de forma célere e eficaz.
“…preservando sobretudo, a credibilidade do relevante trabalho social desenvolvido pelo Hospital Padre Zé, que há tantos anos vem atendendo às necessidades da comunidade. Reiteramos que a Arquidiocese da Paraíba e o Hospital Padre Zé permanecem à disposição das autoridades competentes e da sociedade em geral, com o firme propósito de assegurar a continuidade do serviço de qualidade prestado à população paraibana”, conclui a Arquidiocese em nota.