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Mais de um milhão de brasileiros não dispõem de tratamento de esgoto


As desigualdades no acesso ao saneamento básico no Brasil persistem e cerca de 1,2 milhão de brasileiros vivem em casas sem nenhum tipo de esgotamento sanitário. É o que apontam dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (23) pelo IBGE.

Os recenseadores encontraram 367 mil domicílios que não têm banheiros, nem sanitários, ou mesmo uma fossa para uso dos moradores.

O Censo também identificou que a fossa rudimentar ou buraco ainda era a forma de esgotamento sanitário usada por quase 20% da população. Apesar disso, houve melhora no cenário geral. A pesquisa feita no ano 2000 encontrou menos de 45% da população residindo em domicílios com esgotamento por rede. Em 2022, essa quantidade subiu para 62,5%.

Chama a atenção ainda a grande disparidade de cor ou raça na distribuição do saneamento. Entre as pessoas brancas, 83,5% tinham rede coletora de esgoto no domicílio. Proporção que cai para 75% entre pessoas pretas ou pardas. Há também disparidades regionais. Enquanto no estado de São Paulo, 90% das residências são atendidas por coleta de esgoto, no Acre, essa proporção é de apenas 11%.

O acesso a água também continua precário para muitas pessoas. Apesar da rede geral ser apontada como principal forma de abastecimento em todas as regiões do país, há ainda 68 municípios que dependem predominantemente de carros-pipa e outros 21, que contam principalmente com água da chuva armazenada. Todos ficam no Nordeste.

Bruno Perez, pesquisador do IBGE, explica que essas formas são consideradas inadequadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico.

Entre 2010 e 2022, a proporção da população residente em domicílios sem água encanada reduziu 4,4 pontos percentuais. Mas 2,4% da população ainda precisava transportar a água de algum ponto de abastecimento até em casa usando baldes, galões, veículos ou outros recipientes.

A coleta de lixo foi outro ponto pesquisado. Pouco mais de 9% da população recorre a soluções locais ou individuais para a destinação do lixo, como a queima, o enterro na própria propriedade ou o descarte em terreno baldio, encosta ou área pública. Mas a coleta de lixo domiciliar apresentou avanços significativos nas últimas décadas. Em 2000, o Censo informou que 76,4% da população era atendida pelo serviço, percentual que se aproximou de 91% em 2022.



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