07/03/2024 – 16:37
Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro se disseram satisfeitos com o aproveitamento, pela Procuradoria-Geral da República, das informações que constam do relatório final da comissão, aprovado em outubro do ano passado. A CPMI investigou os atos antidemocráticos que culminaram com a invasão das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
As senadoras Eliziane Gama (PSD-MA), que foi a relatora da CPMI, e Soraya Thronicke (Podemos-MS), juntamente com o deputado Rogério Correia (PT-MG), se reuniram na quarta-feira (6) com o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco.
A comissão formada por deputados e senadores foi instalada em 25 de maio de 2023 e apresentou o relatório final em 17 de outubro do ano passado. O texto, aprovado no dia seguinte, pediu o indiciamento de 61 pessoas por crimes como associação criminosa, violência política, abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Desdobramentos da CPMI
Depois da reunião com o procurador Paulo Gonet, a senadora Eliziane Gama informou que as últimas ações que receberam manifestações da PGR, incluindo mandados de busca e apreensão executados pela Polícia Federal, foram embasadas pelas informações do relatório da CPMI.
“Dos 24 alvos da Polícia Federal, 12 estavam dentro da CPMI, foram indiciados inclusive no nosso relatório. E o doutor Gonet afirmou categoricamente que essas informações que subsidiaram as manifestações da PGR também vieram resultantes do trabalho da CPMI”, ressaltou.
Bruno Spada/Câmara dos Deputadas
Eliziane Gama durante reunião de leitura do relatório final da CPMI, em outubro de 2023
A senadora acrescentou que as informações do relatório final sobre os financiadores dos atos antidemocráticos também estão sendo utilizadas pela Procuradoria-Geral da República.
“Nós tivemos vários indiciamentos. O volume financeiro que chegou, sobretudo para os acampamentos, foi um volume financeiro resultante desses financiadores. Nós tivemos esses indiciamentos, desde pessoas mais simples, que fizeram o direcionamento através de Pix, a empresas e grandes conglomerados econômicos no Brasil que participaram de forma direta”, disse Eliziane Gama.
Tentativa de golpe
O deputado Rogério Correia afirmou que a Procuradoria-Geral da República está de acordo com a linha principal do relatório final da CPMI, de que os atos antidemocráticos fizeram parte de uma tentativa de golpe de Estado.
“Há uma concordância, sim, com a tese central da CPMI e, por isso, todo o material está sendo aproveitado. Ao contrário de ser arquivado, foi muito ressaltado exatamente isso: todo o material da CPMI faz parte das análises que estão sendo feitas pela Procuradoria-Geral e, provavelmente, também pela Polícia Federal e será assim no Supremo Tribunal Federal”, disse Correia.
O grupo de parlamentares cobrou do procurador-geral da República um prazo para a conclusão das investigações, mas não há ainda uma data final.
Reportagem – Cláudio Ferreira
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