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Ato no Rio de Janeiro relembra memória de presos políticos

Ato no Rio de Janeiro relembra memória de presos políticos


A memória dos presos políticos da ditadura militar foi lembrada em um ato realizado nesta segunda-feira (1) na frente do prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na Lapa, centro do Rio de Janeiro. O local foi palco de práticas de repressão e tortura a perseguidos do regime de exceção.

Realizado por organizações que lutam por memória, verdade e justiça, o ato “60 anos do golpe: Ditadura Nunca Mais” contou com a presença de partidos políticos, movimentos sociais e entidades da sociedade civil.

Rafael Maul, membro da diretoria colegiada do Grupo Tortura Nunca Mais, avalia que marcar o dia 1º de abril com um protesto, data em que o golpe militar foi consumado, é importante porque reafirma essa memória da violência de estado e as várias formas de resistência a ela. Para Maul, esse período da história ainda continua bastante apagado.

“(É importante) Pra gente afirmar tanto a memória em relação à violência de Estado na ditadura quanto as memórias de resistência e ampliar essa memória para grupos sociais, por exemplo, que não são reconhecidos como atingidos por essa violência de Estado, e também contribui para que a gente lute hoje. Para que a violência não exista. Contra a violências de Estado que a gente vê acontecendo hoje, como sempre aconteceu na nossa história, nas periferias, nas favelas, no campo, em vários espaços, nas prisões”. 

A deputada federal Jandira Feghali ( PCdoB – RJ) afirmou que atos como esse ajudam a gerar uma consciência democrática para as novas gerações. E que é importante também homenagear e lembrar aqueles que lutaram pelo país, além de cobrar reparação para os seus familiares. “Estamos aqui hoje, não por acaso, porque houve quem lutou, quem morreu, quem se levantou, quem resistiu. Então também e uma homenagem a estas pessoas e aos seus familiares que querem ter um luto em paz e ainda não conseguiram porque o Estado ainda não deu todas as respostas. A Comissão da Anistia voltou está revendo, inclusive, processos que foram indeferidos pelo governo Bolsonaro. Mas está faltando a Comissão de Mortos e Desaparecidos, em que as famílias participam para continuar procurando os seus. É o que eu digo, o luto sem paz é muito difícil de fazer. O que aconteceu de fato? As pessoas não conseguem fazer o luto sem essa informação”. 

O pai de José Sérgio Leite Lopes era professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro na época do golpe militar e foi preso no prédio do Dops por dois dias, após ter sido listado em um inquérito. Lopes, que atualmente é coordenador da Comissão da Memória e Verdade da UFRJ, tinha 16 anos quando o golpe foi instalado no país e contou que durante o AI 5, ato institucional número 5, tanto o pai quanto a mãe, também professora da universidade, foram aposentados compulsoriamente das suas funções. Ele avalia que a iminência de um novo atentado à democracia no país, em janeiro do ano passado, mostra que as tentativas golpistas da atualidade fazem uso de outras armas. “É mais através também do voto, inclusive, através da conquista, da mente das pessoas, através de processos ilegítimos como as fake news, como a utilização da religião para proselitismo regressivo. Infelizmente. E também a sociedade civil se constituiu nesse período, desde a ditadura até os tempos atuais. E resistiu a esse período de Bolsonaro, pós-golpe contra Dilma”. 

Ainda há várias medidas de reparação pendentes que os organizadores do ato cobram. Entre elas, a imediata reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e a transformação do prédio do Dops em um espaço de memória.

Do Dops, os manifestantes seguiram em caminhada até o Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, da Faculdade Nacional de Direito, da UFRJ. O local é símbolo da resistência democrática no período da ditadura e é lá que é realizada a entrega anual da Medalha Chico Mendes de Resistência pelo Grupo Tortura Nunca Mais. A homenagem ocorre todos os anos nesta data. Entre os agraciados, várias iniciativas e nomes ligados à luta contra a opressão nos anos de chumbo.



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