Lutando há quase 50 anos por Justiça, Clarice Herzog recebeu, nesta quarta-feira, a condição de anistiada política pela Comissão de Anistia. A decisão reconhece a perseguição que ela sofreu durante a ditadura militar para esclarecer as condições em que a morte de seu marido ocorreu, o jornalista Vladimir Herzog. No dia 25 de outubro de 1975, ele foi encontrado morto, depois de ter sofrido tortura nas dependências do Doi-Codi, em São Paulo. A versão oficial da morte: suicídio. Imediatamente questionada por Clarice, dada a condição em que o corpo foi encontrado: com o pescoço amarrado à uma grade da cela e com as pernas dobradas.
Essa é a relatora do processo de anistia de Clarice, a conselheira Vanda Davi Fernandes de Oliveira, que, durante a sessão, disse que está clara a perseguição que a viúva de Herzog sofreu. E pediu desculpas em nome do estado brasileiro.
A luta de Clarice fez com que o caso chegasse à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. A condenação do estado brasileiro por omissão no esclarecimento da morte de Herzog veio nove anos depois. E o atestao de óbito – não como suicida, mas como vítima da violência do Estado – só veio em 2013, 38 anos após o assassinato do jornalista.
O reconhecimento da condição de anistiada da esposa de Vladimir Herzog veio um dia após a Comissão de Anistia ter aprovado um pedido de perdão inédito por violações na ditadura contra os krenak e os guarani-kaiowá. E faz parte dos eventos de memória dos 60 anos do golpe militar.
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