Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Aldeias Yanomami estão contaminadas por mercúrio usado no garimpo

Aldeias Yanomami estão contaminadas por mercúrio usado no garimpo


Grande parte da população de nove aldeias Yanomami, localizadas no Estado de Roraima, estão contaminadas por mercúrio consequente da atividade de garimpo ilegal de ouro. Esse é um dos resultados de uma pesquisa da Fiocruz divulgada nesta quinta-feira (4). Os dados foram obtidos através de 287 amostras de cabelos dos indígenas, que foram colhidas em outubro de 2022. 

Nas aldeias da região do Alto Rio Mucajaí, 84% das amostras apresentaram níveis acima de 2 microgramas de mercúrio por grama de cabelo. Uma quantidade que obriga a notificação, para tomada de medidas pelo Sistema Único de Saúde.

E em 10% das análises, esse nível foi o triplo, ou seja, mais de 6 microgramas de concentração. Essa população é a que vive, justamente, nas aldeias mais próximas aos garimpos ilegais, e precisa de cuidados especiais de saúde. 

De acordo com a pesquisadora Ana Paula Vasconcelos, os povos Yanomami estão vulneráveis de duas maneiras: por viver perto aos locais de garimpo e por consumir peixes contaminados. 

E o risco é ainda maior entre as gestantes. A contaminação também pode provocar aborto. Além disso, os pesquisadores realizaram um teste de coeficiente de inteligência entre as crianças que tiveram valores 30% abaixo da média esperada.

Já adultos submetidos à exposição crônica podem ter alterações na sensibilidade das mãos e dos pés, na audição, no paladar. Também há risco de alterações cognitivas, como perda de memória e dificuldade de raciocínio, semelhante ao Alzheimer.

Os pesquisadores fizeram uma série de recomendações emergenciais, como a imediata interrupção do garimpo, expulsão dos invasores e a construção de unidades de saúde na terra indígena. Além disso, o estudo também indicou a necessidade de rastrear as comunidades afetadas, realizar diagnósticos laboratoriais, elaborar protocolos de tratamento e criar um centro de referência para acompanhar casos crônicos.

De acordo com a Fiocruz, mesmo que nunca mais seja despejado mercúrio no território, o que já está lá pode permanecer ainda por até 120 anos.

*Com reportagem de Gabriel Correa



Link da fonte aqui!