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Brasil registra recorde de conflitos no campo, mas assassinatos caem

Brasil registra recorde de conflitos no campo, mas assassinatos caem


Recorde dos últimos dez anos. Foram 2203 conflitos. A maioria deles por causa de terra: 1724. E a Bahia lidera, com 249 casos, seguido do Pará, com 227 e do Maranhão, com 206. As principais vítimas são, de fato, os indígenas, como mostra o relatório Conflitos no Campo Brasil, divulgado nesta segunda-feira (22) e detalhado pela Lira Furtado, da Comissão Pastoral da Terra. Ela destacou que 60% desses conflitos são causados por fazendeiros, empresários e grileiros, mas que a omissão do estado, por exemplo, na demarcação de territórios indígenas, contribuiu com 22% das violências ocorridas no ano passado. Ela também explicou quem mais sofre.

“As principais vítimas de violências, tanto do estado, quanto dos atores privados, são os povos indígenas. Aí tem o destaque, para a omissão e conivência, no caso das esferas de governo, do estado, com 169 ocorrências contra os territórios indígenas. E um número de 116 invasões. E aqui é a principal violência ocasionada pelos agentes privados, fazendeiros, empresários. Além dos indígenas, nós temos também números altos de violência contra as famílias posseiras, sem-terra e quilombolas, que estão dentre as identidades que mais sofrem com a violência no campo”.

E um dos motivos é o que o professor de Geografia Agrária da Universidade Estadual do Rio, Paulinho Alentejano, chamou de contrarreforma agrária.

“E essa contrarreforma agrária, dispersa, na realidade, o aprofundamento do agronegócio no campo brasileiro, assim como a expansão da mineração e de projetos energéticos que, em nome de uma economia verde, impactam profundamente várias comunidades Brasil a fora, nos dias de hoje”.

Outros crimes que ocorrem também são pistolagem, invasão e destruição de casas e roçados. Luta que Antônio Francisco, quilombola da comunidade de Jacarezinho, no Maranhão, conhece bem.

“A gente vive sofrendo ameaça. Desde… desde que eu nasci. Meus pais, meus bisavós, tataravós já eram de lá, sempre sofrendo ameaças.  Existem só aquelas comunidades que resistem mesmo. Eles estão matando, tanto na bala, quanto no veneno. Geralmente ali, nas nossas roças e lavouras, não dá mais nada, por conta desse resíduo desse veneno. Bate na roça lá e acabou. A gente não tem mais produtividade”.  

Por outro lado, o relatório mostra também que houve queda no número de assassinatos: 31 em 2023 contra 47 em 2022. 34% a menos. E um outro recorde: o de número de trabalhadores resgatados: 2663 ao todo. Goiás lidera, com 699. E a cana de açúcar é a principal atividade, responsável por 23,2% dos resgates. O relatório mostra, ainda, que houve redução no desmatamento na região da Amazônia Legal, mas que houve também aumento da violência na divisa entre o Amazonas, Acre e Rondônia, região chamada de AMACRO. Tanto é que oito dos 31 assassinatos ocorreram nessa região. E um aumento expressivo das ações de resistência, assim como da repressão policial intensa por parte dos governos estaduais contra acampamentos, assentamentos, territórios indígenas e quilombolas.



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