Pequenos agricultores, assentados e quilombolas tentam contabilizar os prejuízos provocados pelas fortes chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul. Casas, galpões, currais destruídos, plantações inundadas e colheitas perdidas. Animais e maquinário levados pela força das águas. O Vale do Rio Pardo e o Vale do Taquari, no centro do estado, foram as regiões mais atingidas.
Miqueli Schiavon da direção estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores, que mora no município de Santa Cruz do Sul, relata que a tragédia é sem precedentes no campo e muitos agricultores ainda não conseguem calcular as perdas. Ele ressalta que as famílias vão precisar de recursos dos governos para reestruturar as propriedades.
As famílias tentam se ajudar e contam com o apoio de organizações comunitárias como a Comissão Pastoral da Terra. Mas as dificuldades de locomoção e de comunicação dificultam o trabalho, como relata Maurício Queiroz uma das lideranças da CPT.
A destruição e o isolamento ainda atingem áreas agrícolas da região metropolitana de Porto Alegre. Segundo Luiz Antônio Pasinato membro da Comissão Pastoral da Terra local também há dificuldade para se comunicar com agricultores e assentados. Luiz Antônio avalia que além das ações de reconstrução é preciso investir no planejamento e conscientização das pessoas para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
O impacto dos alagamentos também foi grande para os que vivem nos assentamentos da região metropolitana de Porto Alegre. Segundo Mauricio Roman, da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, cinco deles ficaram submersos, pelo menos 420 famílias foram afetadas. Roman calcula que ainda deve demorar mais de uma semana para que os trabalhadores possam voltar para os locais e avaliar com precisão o tamanho dos prejuízos.
A população quilombola também foi afetada. Roberto Potácio Rosa, um dos fundadores da Federação das Comunidades Tradicionais Quilombolas do Rio Grande do Sul, contou à reportagem da Agência Brasil que comunidades quilombolas urbanas na região metropolitana de Porto Alegre, em Canoas, Chácara das Rosas estão em situação grave. Há moradias submersas e pessoas precisaram se deslocar para abrigos.
O Ministério da Igualdade Racial informou que está monitorando a situação em comunidades quilombolas, ciganas e povos tradicionais de matriz africana e de terreiros atingidos pelas enchentes. E ainda que tem articulado com outros ministérios e movimentos sociais o envio de cestas básicas e itens de primeira necessidade.