Joana Fraga explicou à Lusa que a polícia chegou às instalações pelas 22:00 desta quinta-feira e disse que “por indicação da direção (da Faculdade) tinha ordens para mandar sair” os participantes da ocupação, que decorre no átrio da faculdade e que exige “um cessar-fogo imediato e incondicional em Gaza e o fim ao fóssil até 2030”.
“Neste momento estão cerca de oito estudantes lá dentro a resistir. Cá fora temos uma manifestação de apoio com todas as restantes estudantes que também se encontravam no acampamento e mais outras que de forma independente ou em coletivos, vieram demonstrar apoio”, explicou esta porta-voz da ocupação.
Outra fonte deste movimento estudantil, que não se quis identificar, detalhou à Lusa que a PSP surgiu na faculdade com entre 20 a 25 agentes e que à porta do edifício estavam cerca de 50 pessoas em solidariedade com os estudantes que ainda permanecem dentro da faculdade.
Joana Fraga sublinhou ainda que, na terça-feira, quando começou esta ocupação, decorreu uma reunião com a direção e “houve um compromisso de não despejar e dar ordem de dispersão desde que se fosse mantida a atividade letiva normal e que esta ocupação não perturbasse a atividade letiva normal”.
A porta-voz dos ativistas garantiu que até quinta-feira “todas as aulas têm acontecido com normalidade”.
“Houve aqui, de certa forma, uma quebra desta palavra que ainda estamos a tentar perceber, ainda estamos a tentar dialogar e entrar em contacto com a direção para perceber o que é que aconteceu”, acrescentou.
A agência Lusa contactou o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa (Comtelis), que confirmou a presença de um dispositivo policial no local, sem adiantar detalhes sobre o motivo ou o resultado desta presença.
Na quarta-feira, uma porta-voz da ocupação tinha referido que o protesto prosseguia com quase o dobro das tendas (15) face ao dia anterior.
Movimentos de estudantes universitários e do ensino secundário portugueses, incluindo a Greve Climática Estudantil e os Estudantes pela Justiça na Palestina, convocaram a ocupação, associando-se a um protesto estudantil que se iniciou nos campus norte-americanos e já se estendeu a universidades de várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
Na terça-feira, as direções do Instituto de Educação e da Faculdade de Psicologia, que funcionam no mesmo edifício, referiram que as atividades académicas decorreram com normalidade, apesar do protesto estudantil.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou quase 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.