Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) começaram a lançar fardos com ajuda para os habitantes em cidades e pequenas comunidades até hoje inundadas e isoladas pelas violentas cheias que desde o passado dia 29 de Abril devastam o Rio Grande do Sul, o maior estado do sul do Brasil, e que mataram pelo menos 113 pessoas. A ação, iniciada experimentalmente esta quinta-feira, intensificou-se esta sexta-feira, atenuando o sofrimento de milhares de pessoas totalmente isoladas do resto do Brasil e há muitos dias sem água, comida, energia elétrica e outros bens de primeira necessidade.
A primeira cidade a receber essa ajuda humanitária foi São Jerónimo, a 80 quilómetros de Porto Alegre, a capital estadual, e que ainda está isolada porque as estradas e pontes que levavam até lá foram destruídas pela força das cheias, e que ainda tem boa parte das suas ruas debaixo de água. Vários fardos, totalizando 2,5 toneladas, foram lançados de paraquedas por um avião C 105 Amazon, da FAB, e recolhidos por autoridades locais, que depois se encarregaram da distribuição da ajuda aos moradores.
Uma pequena comunidade na periferia de Rio Pardo, a 148 quilómetros da capital, que também está totalmente ilhada, foi a segunda a receber ajuda, tendo sido lançado pelo mesmo processo um fardo com produtos de extrema necessidade. Ao longo desta sexta-feira, outras cidades estão a ser contempladas com a iniciativa, levando um pouco de alento a pessoas que, de repente, ficaram sem casa, sem roupas, sem comida, nem mesmo água para beber ou tomarem banho, sem os medicamentos de que precisam diariamente para controlar doenças crónicas, e são muitos milhares por todo o Rio Grande do Sul.
Nos fardos, embalados pelo sistema CDS (Container Delivery System), que protege os produtos contra o impacto no solo e da água, se eventualmente caírem num ponto ainda alagado, vão água potável, alimentos não perecíveis, medicamentos de uso contínuo e contra infeções pelo contacto com a água das cheias, lanternas e também roupas de frio, já que desde esta quinta-feira a temperatura no Rio Grande do Sul, que enfrentava um calor fora de época de até 34 graus, caiu brutalmente, chegando a fazer somente 5 graus em algumas regiões.
Antes do lançamento da ajuda, a Força Aérea Brasileira pediu aos moradores isolados para procurarem uma área seca ou alguma outra superfície, por exemplo, um telhado, para escreverem a letra Y se quisessem ser resgatados, ou a letra X se quisessem somente receber alimentos, e em todos os casos a opção foi pela ajuda alimentar.
De acordo com o mais recente balanço da Proteção Civil, divulgado esta sexta-feira, além das mortes já confirmadas há outras 146 pessoas desaparecidas e 406,7 mil desalojadas. Esta sexta-feira, como alertas meteorológicos já tinham avançado, começou a chover de novo em vários pontos do Rio Grande do Sul, na maior parte deles com muita intensidade, o que faz temer por um novo agravamento da situação no estado, que teve mais de 80% de toda a sua área praticamente destruída pela violência das maiores cheias da sua história.