“Nenhuma delas trava o aumento das rendas e nenhuma delas belisca sequer um cêntimo aos principais beneficiários da situação atual, que é a banca e os fundos imobiliários”, afirmou o secretário-geral comunista.
Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas à margem de uma visita ao Laboratório Hércules da Universidade de Évora, frisou que, das 30 medidas apresentadas aos partidos da oposição, “nem uma responde a estas duas questões fundamentais”.
“A banca vai apresentar lucros, outra vez, recorde no primeiro trimestre deste ano e não há um cêntimo sequer que se exija à banca e aos fundos imobiliários para contribuírem para a resolução do problema da habitação”, salientou.
Em contrapartida, considerou o líder do PCP, o Governo propõe estas 30 medidas para a habitação “em função dos interesses da banca e dos fundos imobiliários”.
“O Governo não está a procurar resolver o problema”, mas sim “a acrescentar problema ao problema”, vincou.
Assinalando que “os pontos de partida” das propostas do PCP e das do Governo “são muito díspares e completamente diferentes”, Paulo Raimundo reconheceu que será difícil encontrar consensos nesta matéria.
“Não estou a ver que haja a possibilidade de conciliação a partir destas duas realidades diferentes”, acrescentou.
Sobre a visita ao Laboratório Hércules, o secretário-geral comunista defendeu que o país tem que alterar o rumo da investigação científica e tecnológica no país para que haja estabilidade laboral para os profissionais desta área.
“Podemos ter, como é o caso em concreto e ainda bem, laboratórios do ponto de vista do equipamento altamente bem equipados, mas, se quem tem que os utilizar tiver uma realidade de precariedade, fica coxo”, alertou.
O Governo esteve reunido durante a manhã desta quinta-feira com todos os partidos com representação parlamentar tendo em vista a inclusão das suas propostas no programa para a habitação “Construir Portugal”.
Este programa, anunciado na última sexta-feira, prevê, entre outras medidas, a criação de uma garantia pública destinada aos jovens na compra da sua primeira casa, a reformulação do programa Porta 65 e a revogação da Contribuição Extraordinária sobre o Alojamento Local (CEAL) e da caducidade da licença e transmissibilidade. O “Construir Portugal” procura também “devolver flexibilidade e confiança a quem arrenda e aos senhorios”.
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