André Ventura acha que os turcos não são dados ao trabalho. A socialista Alexandra Leitão não gostou. E, suspirando pela cabeça censória de Augusto Santos Silva, perguntou ao presidente da AR se um deputado pode afirmar que certas ‘raças’ são preguiçosas ou burras. José Pedro Aguiar-Branco, que tem um entendimento correctíssimo da sua função, respondeu-lhe que pode. O direito à liberdade de expressão também contempla o direito à liberdade de sermos grotescos.
Além disso, e como diria o progressista Stuart Mill, não só ‘pode’ como ‘deve’: sem liberdade de expressão, os restantes partidos e os eleitores ficariam às cegas sobre a peculiar cabeça do deputado Ventura. Assim, já estão informados – e, usando da mesma prerrogativa, podem criticá-lo ou puni-lo nas urnas.
As democracias liberais funcionam assim, mas ninguém avisou a deputada Leitão.
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