Moradores começam a voltar a Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, depois que as águas deixaram a maior parte do município.
O cenário é de devastação. A cidade ficou totalmente coberta pela água. A correnteza arrancou muros, placas, plantas.
Na entrada da cidade, o nível da água bateu 2 metros. Um barco retorcido está preso, agarrado na viga de um viaduto. Há muita sujeira.
Parte dos moradores vão à cidade para limpar as casas e depois voltam para os abrigos e casas de amigos ou familiares nas cidades vizinhas.
Vanderlei de Oliveira, de 56 anos, está abrigado em Guaíba. A casa dele, em Eldorado, está condenada. A água bateu no forro.
“Faltou dois palmos para atingir o forro da casa. Foi muito além. Aí precisamos sair antes. A equipe da brigada tirou a gente. Está comprometida. Vamos ter que desmanchar a casa da frente, casa de madeira, e tentar fazer uma nova, mas somente com a ajuda do governo”.
A empresária de móveis Fernanda Tedi teve um prejuízo calculado em R$ 100 mil.
“Como a gente tem uma sala aqui no segundo piso, a gente vai ter que entregar as lojas do térreo e ficar só com uma salinha ali para recomeçar. Mas é bem difícil ver tudo que tu construiu em anos e de repente água vem e leva tudo”.
Andréa Andreotti é diretora da Escola Municipal Nossa Senhora Medianeira, que recebe estudantes do ensino fundamental. Ela conta que a água deixou só quatro salas secas. A unidade tem 500 alunos, mas alguns vão sair da escola.
“As pessoas já estão pedindo transferência, já estão indo para outra cidade, já estão indo embora. Porque as pessoas perderam tudo. Perderam as casas. A cidade está devastada. Perdemos tudo, tudo”.
O secretário de Planejamento da cidade, Josimar Cardoso, disse que 32 mil pessoas deixaram a cidade, que tem 39 mil habitantes. A expectativa é que 20 mil retornem até o fim de semana.
Para salvar a cidade de outras inundações, o secretário defendeu a construção de um dique.
“O estado tirou esse estudo da gaveta, da onde estava, e prometeu que esse dique sairia e seria feito o projeto executivo para poder realizar então a construção do dique. Nosso único plano de que essa cidade não seja destruída novamente é nós termos esse dique de contenção, é a única saída que nós temos”.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que o projeto do dique de Eldorado é prioritário, mas não deu uma data para o início das obras.