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Capacitismo é debatido na Câmara de João Pessoa

Capacitismo é debatido na Câmara de João Pessoa


Sessão especial foi proposta pelo vereador Júnio Leandro (PDT)

A problemática do “capacitismo na capital paraibana” foi o tema de uma sessão especial realizada na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), na manhã desta sexta-feira (24). O debate foi proposto pelo vereador Junio Leandro (PDT).

O mesa de trabalho foi composta pelo propositor do debate; o professor de capoeira do Grupo Terra Firme, Márcio Rodrigues (o Mestre Raposão); a professora do Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB), Maysa Medeiros; a representante da Associação Mães de Anjos da Paraíba (AMAP), Camila Bianca; e a usuária do Instituto dos Cegos da Paraíba, Ivone Ribeiro.

O propositor da discussão destacou que todas as lutas têm importância em seu mandato. “Esta Casa vem tentando encampar esta luta contra a prática do capacitismo. Espero que no prédio da nossa nova sede sejam resolvidos os problemas de acessibilidade que existem nesse prédio antigo. Essa sessão se faz necessária para debater esse tema, tão importante, que é o capacitismo. Essa discussão é de grande importância, pois é um assunto que precisa ganhar visibilidade para evitar algumas práticas involuntárias. Por meio de debates, é possível informar e combater a discriminação e o preconceito que está enraizada na sociedade”, justificou.

O Mestre Raposão enfatizou a importância de uma luta conjunta para fortalecer a visibilidade das Pessoas Com Deficiência (PCD). Ele sugeriu a criação de uma lei que criminalize todo e qualquer preconceito contra os PCDs. “O capacitismo é preconceito e discriminação. A capoeira em si já bate o preconceito, por ser uma luta de resistência”, asseverou o capoeirista, que revelou ter passado por um momento de discriminação na Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad). “Se passei por um episódio de discriminação, por conta da minha deficiência física, em uma instituição que deve acolher, imagina o que acontece em outros”, ressaltou.

A representante da Associação Mães de Anjos da Paraíba (AMAP), Camila Bianca, destacou a luta da instituição, que reúne mães de pessoas acometidas de microcefalia. “A associação luta por essas crianças que não são vistas pelos poderes públicos e pela sociedade. Temos, hoje, na nossa lista, quase cem crianças que choram por cirurgias de quadril”, relatou. Ela falou ainda sobre a dificuldade das famílias, que, em geral, não têm condições de arcar com alimentos específicos, leites recomendados e trocas constantes de sondas. “Uma criança com deficiência não é só uma criança, é uma família inteira. Só sabe quem tem. Quem não tem, olhe para a criança e para a família com respeito”, declarou Camila, agradecendo a oportunidade de fala.

Inove Ribeiro, usuária do Instituto dos Cegos, relatou situações de capacitismo que vivenciou com seu filho, que tem deficiência visual. O adolescente de 15 anos é campeão de natação. “Não acredito muito na inclusão, porque até hoje não vi acontecer. Infelizmente, nessa luta, a gente sempre bate com a cara na porta”, lamentou. De acordo com ela, a sociedade trata as pessoas com deficiência como se não pudessem ter grandes realizações na vida: “A gente sofre muito por ter que mostrar à sociedade que eles são capazes. Não limite seu filho a um diagnóstico. A primeira frase que ouvi (quando descobriu a deficiência visual de seu filho) foi: ‘Já sabe, né, mãe? Esse não aprende nada’. E olha onde ele chegou. Eu acreditei nele”.

A Professora Maysa Medeiros destacou que, ao se pensar em uma pessoa com deficiência, pensa-se em pessoas que não podem enxergar, nadar, falar, com impedimentos que dificultam o contato com a sociedade. “Então, a questão da deficiência está relacionada à presença das barreiras no contexto social. Essas barreiras são produzidas socialmente. Aprender a lidar com essas barreiras é um processo particular, mas depende do processo social, da construção de uma sociedade acessível e livre de barreiras”, afirmou. De acordo com ela, as pessoas com deficiência são muitas, cerca de um bilhão no mundo e 46 milhões no Brasil. A professora fez uma retrospectiva histórica sobre a forma como a sociedade vê as pessoas com deficiência, seja como aberrações, possuídos ou incapacitados.

“No Brasil, existe o marco dos direitos inseridos na Constituição Federal e a lei que consolida os direitos da pessoa com deficiência – Lei da Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência. E,  mesmo assim, o que está na lei é violado todos os dias, todas as horas”, afirmou. A professora ainda cobrou uma legislação que criminalize os preconceitos contra as pessoas com deficiência.



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