A falha do sistema contra inundações de Porto Alegre gera discussão entre prefeitura, moradores e especialistas.
O bairro Menino Deus alagou porque as estações de bombeamento não funcionaram direito.
Na sexta-feira, a água baixou na avenida José de Alencar. O Fernando de Araújo voltou ao prédio, que quase alagou no dia anterior. Ele espera mais atenção com o bairro.
“Que eles consigam fazer com que essas bombas voltem a funcionar, enfim, modernizem, né? Mas a gente tá com medo. Aquilo que falam. Tem até uma frase ali que botaram que antes a gente se acalmava com a chuva, agora qualquer chovinha a gente já fica apavorado. Inclusive agora ali já começou a lagar na esquina, eu já fechei todo o apartamento, tô com o carro aqui já em cima da calçada e quando eu ver que a água vai subir eu vou ter que sair de novo e sem saber quando que a gente vai retornar pra continuar o trabalho”.
Agora, de 23 estações de bombeamento da cidade, 12 não estão funcionando nas regiões Norte e Central, segundo o Departamento Municipal de Águas e Esgoto. O órgão disse que trabalha pra pôr todo o sistema em operação no menor tempo possível.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, deu entrevista na quarta-feira (22), no Repórter Nacional da manhã. Ele disse que não faltou manutenção no sistema de prevenção a inundações da cidade.
“Bom, as bombas que tinham, elas foram concebidas não por esse volume de água, não por essa altura de água. Todas elas foram tomadas, colocadas. (jornalista: E não receberam a manutenção de vida também, né, prefeito?) Não, manutenção recebeu. Manutenção recebeu. O que não recebeu foi mudança de concepção. Narrativa mentirosa eu não aceito, tá? Porque aqui tem uma narrativa da esquerda mentirosa, porque tem gente que deveria ter enfrentado isso há muito tempo e não enfrentou. Agora que deu a tragédia, a opinião é sobre tudo. Então eu não trago irresponsabilidade, eu não trago isso aí”.
Um grupo de 42 especialistas, entre engenheiros, arquitetos e geólogos, diz o contrário. Eles assinaram uma carta em que são claros em apontar que faltou manutenção, como defendeu o engenheiro e ex-diretor do antigo Departamento de Esgotos Pluviais de Porto Alegre, Vicente Rauber.
“Portanto, esse sistema atual, robusto, seguro, só que tem um pequeno detalhe. Como tudo na vida, ele precisa de manutenção”.
Segundo o documento, no ano passado, quando o sistema foi acionado, as deficiências nas comportas ficaram visíveis e eram fáceis de resolver, mas não foram.
*Com produção de Bel Pereira e Joana Lima.
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