A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse esta sexta-feira que o Governo está disponível para ouvir os médicos, para “valorizar a reação” que esta sexta-feira tiveram na reunião negocial e “para a levar muito a sério”.
“Estamos disponíveis para ouvir aquilo que os médicos nos disseram, para valorizar a reação que os médicos hoje tiveram, para a levar muito a sério, porque levamos muito a sério estas negociações e a necessidade que temos que os nossos médicos, enfermeiros, farmacêuticos – e todos os outros, mas agora estamos a negociar com estes – queiram ficar no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, disse a ministra da Saúde à margem de uma visita ao Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, no final da tarde de hoje.
O Governo, representado pelo Ministério da Saúde e pela área da Administração Pública, está em negociações com os sindicatos dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, que querem as carreiras revistas e melhorias salariais, tendo hoje as estruturas representativas dos médicos recusado assinar o protocolo negocial, por não incluir todas as matérias que querem ver negociadas, nomeadamente a revisão da grelha salarial.
“Recomenda toda a prudência e toda a necessidade de diálogo que agora olhemos para aquilo que nos foi pedido e por essa razão mesmo nós vamos ter que obrigatoriamente olhar para aquilo que nos foi pedido e isso é a garantia que posso dar a todos os médicos”, disse a ministra, manifestando disponibilidade para trabalhar e “e acrescentar ao protocolo aquilo que são as legitimas expectativas dos médicos”.
Questionada sobre se os médicos do SNS podem esperar aumentos equivalentes aos recentemente decididos para os médicos tarefeiros, que vão ter um aumento de 40% no valor hora, Ana Paula Martins disse que o objetivo é que os profissionais do SNS “trabalhem nas suas equipas”.
“Faremos tudo para que os nossos profissionais no SNS tenham as melhores condições para estar no SNS e cumprir as suas tarefas”, disse.
Sobre a possibilidade de as reuniões negociais limitarem a resposta do SNS no verão e aquilo que venha a ser o plano de emergência para esse período, a ministra admitiu que há “um caminho para fazer e o Governo está muito interessado e absolutamente disponível para fazer esse caminho”, mas sublinhou que o plano de emergência que será apresentado na próxima semana para o SNS é mais abrangente que o plano de urgências para o verão.
Ana Paula Martins remeteu detalhes sobre o plano para a próxima semana e para as explicações que serão dadas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
A ministra, que se demitiu da administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em rutura com o Governo pela decisão de adotar o novo modelo de gestão das Unidades Locais de Saúde (ULS) para aquela unidade hospitalar, não quis hoje comprometer-se com qualquer intenção de mudança desse modelo, referindo que irá trabalhar com os conselhos de administração das novas ULS, reconhecendo que “há muita coisa a correr bem”.
Ana Paula Martins deixou ainda uma garantia de segurança relativamente às notícias que dão conta de mais de uma centena de medicamentos genéricos comercializados em Portugal, que por recomendação da Comissão Europeia terão a venda suspensa e autorizações canceladas, depois de uma avaliação da agência europeia do medicamento ter concluído não ser possível demonstrar a sua equivalência aos medicamentos de referência.
“Os medicamentos que temos em Portugal e que estão identificados como sendo medicamentos que fazem parte deste alerta e desta vigilância estão absolutamente fora de risco. O risco está a ser completamente gerido e portanto pedimos a todas as pessoas que estejam descansadas, que tudo o que temos no mercado em Portugal neste momento está perfeitamente seguro, isso é uma garantia”, disse a ministra.
O Infarmed anunciou, entretanto, que vai manter a comercialização em Portugal de oito dos mais de 100 medicamentos testados pelo laboratório Synapse, na Índia.