Pontos turísticos de Recife passam a contar com audiodescrição

“Eu me chamo Angelle Freitas. Eu sou uma mulher de 40 anos com múltiplas deficiências adquiridas. Eu sou uma mulher cega total, tenho tem uma deficiência física, eu uso uma prótese na perna esquerda e sou surda do ouvido direito.”

Essa descrição que a pernambucana Angelle Freitas faz de si é importante para que outras pessoas com deficiência visual e mesmo os ouvintes da Rádio Nacional possam conhecê-la um pouco mais.

E como cega total, ela agora poderá ter esta mesma abordagem descritiva ao visitar alguns pontos turísticos do Recife, como o Marco Zero, a Praça da República e o Teatro de Santa Isabel, através de um aplicativo chamado Visões Sonoras da Cidade.

Angelle fez parte do grupo que utilizou o recurso pela primeira vez, no final de maio.

“Foi um momento de grande valia porque muitas vezes a sociedade acredita que nós não participamos de eventos culturais por falta de interesse, por conta da nossa deficiência. Mas a questão não é essa. A questão é a acessibilidade. Como que a gente vai participar de locais em que a gente fique perdido – entre aspas – sem saber da história daquele lugar, sem saber da importância daquele lugar?”

Mayara Esteffany perdeu a visão mas já tinha visitado esses locais enquanto enxergava. Ela relatou como foi a nova experiência:

“eu já tinha visitado todos os lugares que a gente foi ontem mas eu tinha visitado quando eu enxergava. Então tudo ali tava muito novo para mim com audiodescrição. Cada coisinha que foi dita, né? Eu vi com a nova percepção”.

O Visões Sonoras da Cidade tem apoio da Prefeitura do Recife e usou recursos da Lei Paulo Gustavo. A iniciativa é da Com Acessibilidade Comunicacional, que coordena projetos em áreas como artes e turismo, com foco na inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência.

A próxima etapa será entregar as audiodescrições dos pontos turísticos para a Secretária Municipal de Turismo, que irá colocar as placas com QR codes nestes locais para que o recurso possa ser acessado.