Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Vacinação baixa entre gestantes eleva risco de doenças graves em bebês

Vacinação baixa entre gestantes eleva risco de doenças graves em bebês


O que você faria para evitar que o seu filho recém nascido pegasse uma doença que pode provocar dificuldade respiratória e até levar à morte? Ou uma outra doença que pode causar pneumonia? E o que dizer de um vírus que já levou à internação de quase 500 bebês só este ano e matou mais de 20 gestantes ou puérperas no ano passado? A gente está falando de coqueluche, influenza e covid-19. A boa notícia é que existe vacina gratuita, em todo o Brasil, com eficácia comprovada contra as formas graves dessas doenças. E elas são recomendadas para grávidas, para protegê-las nessa fase mais vulnerável e garantir que os bebês já nasçam imunizados. A má notícia é que muitas gestantes não estão se vacinando. A cobertura da Dtpa, ou tríplice bacteriana acelular, por exemplo, foi de apenas 75% em 2023. Essa é uma vacina aplicada quase exclusivamente em grávidas e deve ser tomada em todas as gestações, justamente para proteger os recém nascidos da coqueluche. Mas ela também protege a gestante e o bebê contra o tétano e a difteria. A jornalista e atriz Natália Gadioli, está grávida pela segunda vez, e vai tomar a dtpa assim que atingir o tempo recomendado, de 20 semanas de gestação.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, explica que a chamada hesitação vacinal é causada por muitos fatores. O mais consolidado deles é a falta de percepção de risco. No auge da pandemia, com 4 mil mortes por dia, todo mundo queria se vacinar contra a covid-19, por exemplo. Hoje, que o número de vítimas é menor, mas ainda soma centenas por semana, é difícil atingir a cobertura das doses de reforço. Mas Cunha chama atenção para o desafio da comunicação, em tempos de infodemia, a pandemia de desinformação. Especialmente porque até profissionais da saúde têm disseminado discurso contra as vacinas que têm atingido em cheio as grávidas e os responsáveis por crianças

A última vez que o Brasil teve um surto de coqueluche foi em 2014, mas o Ministério da Saúde alertou na semana passada, que vários países do mundo têm tido aumento de casos, e essa onda pode chegar por aqui. Até o começo de abril, foram 31 infecções comprovadas, e mais de 80% delas em bebês de até seis meses. O Sus também vacina os bebês contra a coqueluche, mas apenas a partir dos 2 meses de idade, completando o esquema aos 6 meses. Ou seja, as maiores vítimas da coqueluche dependem totalmente da vacinação na gravidez para não adoecerem. A ginecologista Nilma Neves diz que os profissionais que acompanham o pré-Natal devem, não somente prescrever as vacinas, mas também conferir se elas foram tomadas e questionar as grávidas sobre suas dúvidas e receios. Até porque, muitas têm medo de tomar qualquer substância ou remédio, e acabar afetando o bebê. Ela é vice-presidente da Comissão de Vacinas da Febrasgo, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e chama atenção para outro grande problema que tem afetado as coberturas vacinais: 

“As salas de vacinas dos postos de saúde eles não abrem aos sábados e muita gestante trabalha”

Mas no caso da vacina contra a gripe, nem os chamados Dias D, com aplicação aos sábados, conseguiram fazer com que a meta de cobertura fosse alcançada. Atualmente, as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, estão em campanha. Mais de 1 milhão e 700 mil grávidas fazem parte do público alvo e nem um quarto delas se vacinou. O imunizante protege contra três cepas do vírus Influenza. Ao contrário do que muitos podem pensar, não é só um resfriadinho. A influenza é um dos principais causadores da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que pode levar à morte, especialmente de pessoas vulneráveis, como bebês pequenos e grávidas. Outro grande causador da Síndrome é a Covid-19, que também pode provocar inflamação em diversas partes do corpo. Há evidências de relação entre a covid e efeitos como aborto espontâneo, restrição de crescimento no útero e parto prematuro. E a Fiocruz já identificou que a quantidade de mortes entre grávidas ou pessoas que acabaram de dar à luz nos dois primeiros anos da pandemia foi quase 70% a mais do que o habitual. Ainda assim, a vacina contra a covid-19 encontra grande resistência. Gestantes e puérperas devem tomar a nova vacina monovalente xbb da Moderna, que está sendo aplicada pelo SUS. E a diretora médica de vacinas da América Latina da Adium, farmacêutica que distribui a vacina no Brasil,  Glaucia Vespa explica porque elas não devem ter medo:

“Quando a gente desenvolve uma vacina nós temos etapas. A primeira é o que a gente chama de pré-clínica que é quando a gente faz as pesquisas no laboratório, aí nós começamos com a fase clínica que é onde a vacina é estudada em seres humanos. Depois que se termina o desenvolvimento clínico, é feito um dossiê submetido para as agências regulatórias. Mas uma vez que a vacina chega (à população), a gente continua acompanhando. Por isso que as vacinas não mentem: a sua eficácia e a sua segurança é comprovada em grandes estudos de mundo real.”

 

De acordo com o Ministério da Saúde, desde o início da vacinação contra a doença em 2021, quase 2 milhões e 200 mil mulheres se vacinaram. Mas essa quantidade é inferior à previsão de gestantes e puérperas que devem se vacinar somente este ano, cerca de 2 milhões e  240 mil. O gerente médico de vacinas da Farmacêutica GSK, Marcelo Freitas, lembra também a importância do envolvimento familiar para que a estratégia vacinal das gestantes. Quando a família toda se vacina, é mais difícil que um indivíduo fique para trás, além de formar um círculo de proteção ao redor do bebê. No caso da Coqueluche, é inclusive recomendada a Estratégia Coccoon, ou casulo. 

O calendário básico de vacinação do Sus também recomenda que a gestantes recebam a vacina contra a hepatite B, caso não tenham sido vacinadas anteriormente, ou completem o esquema de 3 doses se ele estiver incompleto. Também é preciso iniciar ou completar a imunização com a DT, que protege contra tétano e difteria em 3 doses, com reforço a cada 10 anos. A vice-presidente da Comissão de Vacinas da Febrasgo, Nilma Neves, reforça que o ideal é que antes mesmo de engravidar, as famílias confiram o cartão de vacinas da gestante. É muito importante que ela receba a tríplice viral, por exemplo, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, e não pode ser tomada na gestação.



Link da fonte aqui!