A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) solicitou que as Bolsas de Mercadorias comprovem a capacidade técnica e financeira das empresas que arremataram 263,7 mil toneladas de arroz importado em um leilão realizado na quinta-feira (6). Em comunicado, o presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que a medida foi tomada devido às “dúvidas e repercussões” geradas pelo resultado do leilão. “A transparência e a segurança jurídica são princípios inegociáveis e a Conab está atenta para garantir segurança jurídica e solidez nessa grande operação”, declarou Pretto.
O leilão levantou suspeitas entre opositores ao governo, incluindo a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS), que questionou a participação de empresas desconhecidas do mercado. Das quatro vencedoras, apenas a Zafira Trading é do setor. As demais são uma fabricante de sorvetes, uma mercearia especializada em queijo e uma locadora de veículos. Tereza Cristina pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que fiscalizasse o leilão milionário. Ela afirmou ainda que “nunca usou” recursos públicos para comprar arroz. O TCU foi acionado pelo partido Novo para apurar e suspender o resultado.
Em resposta às críticas, a Conab esclareceu que as Bolsas de Mercadorias atuam como intermediárias e são responsáveis pelas propostas apresentadas. Segundo a companhia, cabe a cada Bolsa verificar a capacidade das empresas representadas e garantir o cumprimento das regras do leilão. “Qualquer desrespeito à legislação e às regras do leilão atrai punições”, advertiu a Conab. Thiago dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab, garantiu que serão realizadas três fiscalizações para evitar prejuízos ao governo.
A Wisley A de Sousa Ltda., maior arrematadora dos lotes com 147,3 mil toneladas, lamentou que “grupos com interesses contrariados” tentem afetar sua imagem. A empresa, com mais de 17 anos de experiência no comércio atacadista de alimentos, afirmou que fornecerá o arroz conforme o cronograma estabelecido pela Conab, respeitando todas as normas de controle e qualidade.
Além disso, a mercearia Queijo Minas, fundada com um capital social de R$ 80 mil, aumentou seu capital para R$ 5 milhões no dia do anúncio do leilão. Na próxima quinta-feira (13), a Conab reofertará 36,63 mil toneladas remanescentes do lote inicial de 300 mil toneladas. Esses leilões visam combater a especulação de preços do arroz após as enchentes no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no país.
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