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Podcast joga holofote na falta de doação de roupas plus size para o RS

Podcast joga holofote na falta de doação de roupas plus size para o RS


PODCAST GRANDES INVISÍVEIS – PESSOAS GORDAS NAS ENCHENTES 

SOBE SOM DE CHUVA  

EPISÓDIO 1 – O CAOS 

CAI O BG DE CHUVA  

POLLYANE – Catástrofes climáticas como a que ocorre no Rio Grande do Sul, costumam trazer à tona temas que não são muito debatidos no dia a dia, um deles é que as tragédias atingem as pessoas de forma muito desigual. 

Por exemplo, você tem o racismo climático, que faz com que faz com que pessoas pretas e periféricas sejam afetadas primeiro e tenham mais dificuldade de se reerguerem depois que tudo vira lama. 

Existem as pessoas em situação de rua, que já não têm nada e têm sua dignidade ainda mais degradada. 

Há ainda as mulheres chefes de família: elas perdem tudo e muitas vezes não conseguem voltar ao trabalho remunerado rapidamente, porque precisam cuidar dos filhos e outros familiares. 

E hoje eu quero te convidar a olhar para um outro grupo vulnerável. O das pessoas gordas. Essas pessoas geralmente já são invisibilizadas na sociedade e sofrem com a falta de acesso à educação, ao trabalho formal. E em uma catástrofe como a do Sul, além de perderem tudo, elas ainda têm dificuldade de encontrar o básico do básico, seja para comprar ou nas doações, que é uma roupa para se vestir e cobrir o corpo no frio que tem feito por lá.

SOBE SOM ROCK  

VINHETA– Grandes invisíveis: pessoas gordas também são vítimas das enchentes. 

CAI O SOM DE ROCK  

POLLYANE – Eu sou Pollyane Marques, jornalista da Ragioagência Nacional e também uma mulher gorda. Eu consigo te dizer, por experiência própria, que no dia a dia já é difícil encontrar roupas em tamanhos maiores. São escassas, caras ou precisam vir dos sites estrangeiros. E desde o início das enchentes, pensar nas dificuldades das pessoas gordas por lá, me sensibilizou muito. 

Foi aí que encontrei o trabalho da Viviane Lemos, que também é uma mulher gorda e que virou referência em roupas plus size no Rio Grande do Sul por ter criado a primeira feira voltada para esse público. Ela teve a sorte de não ter sido atingida pessoalmente pelos efeitos das chuvas, então, já nos primeiros dias das enchentes no estado, ela começou a mobilização para ajudar quem fosse afetado, porque ela sabia que as demandas chegariam. E elas chegaram, em forma de pedidos desesperados e relatos de pessoas que estavam usando lençóis para cobrir o corpo, poque já não tinham mais nada. 

VIVIANE – Foram vários os relatos que a gente recebeu de pessoas enroladas em lençol em vários momentos. Mas eu vou contar o de uma gorda maior que foi bem no início, talvez ali, na semana do dia 7, 8 de maio, que ela estava abrigada no ginásio do SESC, aqui em Porto Alegre. Que a voluntária que estava atendendo lá, atuando lá, que é assistente social já me conhecia, sabia do meu trabalho e me mandou uma mensagem no WhatsApp me falando desse caso. E mandou uma foto de visualização única naquele momento. E foi muito impactante…  porque pensa num ginásio com muitas pessoas, uma situação super delicada, todo mundo em uma situação vulnerável, tu estar lá descoberta, desassistida no mínimo que é da roupa. Eram dias de muita chuva e eu me lembro que a gente fez o possível para encontrar as roupas maiores para mandar para aquela moça naquele momento. Depois disso a gente já mandou pelo menos mais duas vezes para aquela moça. Teve um outro relato que eu recebi de uma voluntária em Guaíba e ela falou assim, “ninguém me contou, eu vi”, num hospital, uma moça enrolada no lençol porque ela não tinha o que vestir. Teve um outro rapaz que eu recebi uma mensagem no meu Instagram me contando que ele só tinha uma roupa, não lembro. A roupa que ele saiu da enchente talvez… que quando a roupa é lavada ele tinha que ficar embaixo da coberta, embaixo do lençol porque ele não tinha uma segunda roupa, sabe? Ele ainda estava com a roupa da enchente para a gente entender da escassez e da dificuldade do acesso, né? Então são coisas assim. Tristes que nos deixam desolados, né? A gente fica com o coração bem apertado com esses relatos.

SOBE DO CARRO DA DEFESA CIVIL PEDINDO QUE OS MORADORES SAIAM DAS ÁREAS DE RISCO 

POLLYANE – E a Viviane me contou também que o problema foi escalando de uma forma que ela e nem ninguém esperava

VIVIANE – “Mas nunca pensei que fosse nesse nível, nessa escala que a gente está tendo hoje. E com certeza ser uma mulher gorda me deixou nesse lugar empático, porque pessoas não gordas não conseguem visualizar essa dificuldade e essa crise que a gente está vivendo no sentido de vestir essas pessoas gordas que não conseguem roupas”.

Uma das mulheres que teve seu apelo atendido durante esse caos foi a Flávia. Ela tem 44 anos, é mãos dos gêmeos Liam e Ryan . A Flávia morava em um dos bairros mais afetados da cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Ao se ver sem nada, recorreu ao apoio da Vivi. 

FLÁVIA – “Além de perder todos os meus bens, tudo, perdi minha casa também. Está sendo bem difícil, mas a alegria do meu dia foi as roupas que chegaram. Justamente no dia do meu aniversário, dia 30 de maio agora. Quando eu vi aquele senhor chegando com a sacola, a sacolinha de roupas, nossa! Foi como um presente”.

POLLYANE – As doações vão sempre organizadas em kits com uma calça, uma camiseta, um agasalho quentinho e sutiã e calcinha ou cueca, conforme a necessidade. E para atender a todos, seriam preciso 95 mil kits assim. A organização liderada pela Viviane já entregou mais de 48 mil peças de vestuário desde o início das enchentes. Mas a demanda… a demanda é muito maior. 

As redes sociais têm sido usadas como aliadas na arrecadação. Foi assim que a criadora de conteúdo Maqui Nóbrega, lá em São Paulo, ficou sabendo da mobilização em Porto Alegre. A Maqui já vinha fazendo doações pontuais para seguidoras que pediam ajuda, mas quando soube da organização da Viviane, logo se prontificou a usar o engajamento de seus canais para contribuir.

MAQUI NÓBREGA – “Se mal tem (roupas plus size) pra comprar, imagina pra doar, né? Então, quando eu percebi que tinha essa dificuldade, eu falei, bom, São Paulo, maior cidade do país, onde tem a maior quantidade de opções de roupas plus size, acho que aqui a gente vai conseguir reunir mais doações.

SOBE SOM MENSAGENS CHEGANDO NO CELULAR E DE TECLAS

POLLYANE – E não que é conseguiram. Maqui junto com outras criadoras de conteúdo voltadas para o público gordo e algumas pessoas aliadas da causa enviaram de São Paulo para o Rio Grande do Sul um caminhão cheio de roupas com tamanhos grandes. 

E com essa boa notícia encerro esse primeiro episódio. Mas já quero te convidar para ouvir o próximo, onde vamos falar um pouco sobre como é preciso ter muita disposição e sensibilidade para atuar no trabalho voluntário. E também muita determinação para cobrar dos entes públicos que eles façam o que é preciso. 

E caso você possa e queira contribuir com o trabalho da Associação de Doação de Roupas Plus Size, encabeçada pela Viviane, você pode fazer um Pix para o CNPJ – 26423527000112. E se você quiser fazer uma doação física é só encaminhar para o endereço que está na descrição desse post. 

SOBE SOM ROCK  

Eu sou Pollyane Marques, e você acabou de ouvir Caos, o primeiro episódio do podcast Grandes Invisíveis. 

A produção, redação e narração são minhas. 

As vinhetas têm a voz de Aline Leal, que também participou da edição do texto, junto com a Fran de Paula. 

Jailton Sodré fez a sonoplastia

Beatriz Arcoverde fez o roteiro e a implementação do episódio. 

A arte foi feita pela Caroline Ramos

SOBE SOM ROCK  

E enquanto você espera o nosso próximo episódio, você pode ouvir outras produções da Ragioagência Nacional, tem o Perdas e Danos, o Transformando as Artes e também o Histórias Raras. 

Até a próxima!

CAI O SOM DE ROCK  



Link da fonte aqui!

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