Apenas três Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão representados ao nível de chefes de Estado ou de Governo na Conferência para a Paz na Ucrânia que começa hoje na Suíça, designadamente Portugal, Cabo Verde e Timor-Leste.
De acordo com a lista definitiva de participantes, ‘fechada’ e divulgada pelas autoridades suíças já a poucas horas do início da cimeira que decorre hoje e no domingo na estância suíça de Burgenstock, nos arredores de Lucerna, entre os perto de 100 representantes de países e organizações que aceitaram o convite não se conta qualquer representante de Angola, Guiné-Bissau nem Moçambique, enquanto São Tomé e Príncipe está representado ao nível ministerial, pelo chefe da diplomacia, Gareth Guadalupe.
Numa cimeira marcada por várias ausências de peso, com natural destaque para a Rússia e também a China, o Brasil não participa ativamente — apesar de o Presidente, Lula da Silva, até ter estado esta semana na Suíça para uma conferência da Organização Internacional do Trabalho -, tendo decidido enviar apenas um observador, a embaixadora brasileira na Suíça, Cláudia Fonseca Buzzi.
Entre os países da CPLP, também a Guiné-Equatorial não se faz representar na cimeira de Burgenstock.
Portugal está representado ao mais alto nível, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, enquanto Cabo Verde e Timor-Leste fazem-se representar pelos primeiros-ministros Ulisses Correia e Silva e Xanana Gusmão, respetivamente.
Por ocasião da recente deslocação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Portugal, a 28 de maio, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou que a rede diplomática nacional e o próprio Presidente da República desenvolveram todos os esforços no sentido de mobilizar países terceiros, sobretudo Estados-membros da CPLP, para participarem na cimeira na Suíça.
A conferência para a paz na Ucrânia, organizada pela Suíça na sequência de um pedido de Zelensky, junta representantes de quase uma centena de países e organizações – metade dos quais da Europa -, mas são várias as ausências (haviam sido dirigidos convites a 160 delegações de todo o mundo).
O grande ausente é a Rússia, que ainda na sexta-feira exortou os Estados-membros das Nações Unidas a não participarem na conferência, a qual considerou “provocativa e absolutamente inútil”, acusando ainda a Suíça de perder a neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias a Moscovo após a ofensiva militar lançada na Ucrânia em fevereiro de 2022.
Destaque também para a ausência da China, um dos grandes aliados de Moscovo e vista como intermediária fundamental para futuras conversações de paz, que rejeitou participar dada a ausência da Rússia, tendo Zelensky acusado Pequim de trabalhar em conjunto com o Kremlin (presidência russa) para sabotar a conferência, ao pressionar países para não participarem.
De resto, entre os membros do grupo dos países de economias emergentes (BRIC), composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e apontados como próximos de Moscovo, além das ausências de Moscovo e Pequim, as autoridades brasileira e sul-africana decidiram enviar apenas emissários observadores, enquanto a Índia enviou um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Pavan Kapoor, até muito recentemente embaixador na Rússia.
Entre os participantes contam-se, entre outros, a vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Presidente francês, Emmanuel Macron.
O objetivo da conferência é “inspirar um futuro processo de paz”, tendo por base “os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz baseadas na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional”.
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