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Grupo VITA com dificuldades em aceder a dados sobre vítimas de abuso na posse da Comissão Independente – Sociedade



O Grupo VITA está a sentir dificuldades no acesso a informações sobre as vítimas ouvidas pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, que apresentou o seu relatório em fevereiro de 2023.

A coordenadora do Grupo VITA, Rute Agulhas, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa e que entrou em funcionamento em maio de 2023, com o objetivo de acompanhar as vítimas de violência sexual no contexto da Igreja Católica em Portugal, disse esta terça-feira, em Fátima, que ainda não receberam “qualquer informação da Comissão Independente”, que foi liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.

“Ainda antes de entrarmos em funcionamento (…) fizemos uma série de diligências e iniciativas e uma delas foi exatamente uma reunião de todos nós (Grupo VITA) com todos os elementos da Comissão Independente e salientámos a necessidade de partilha de informação”, disse Rute Agulhas, na sessão de apresentação do segundo relatório de atividades da estrutura que lidera.

A psicóloga adiantou que, depois disso, houve duas vítimas que, ao contactarem com o Grupo VITA, disseram “‘eu já partilhei com a comissão independente e eu autorizo, eu consinto, e vou pôr por escrito esse consentimento para que a Comissão Independente partilhe com o Grupo VITA a informação de que dispõe'”.

“Numa dessas situações nós não recebemos nada e na outra situação recebemos um parágrafo de informação. Manifestamente pouco para o que necessitamos de recolher”, adiantou, sublinhando que o Grupo VITA não sabe onde estão esses dados que “são dados sensíveis, que são propriedade da Igreja em bom rigor, porque foi a Igreja que encomendou esse estudo”.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica em Portugal iniciou a recolha de testemunhos de vítimas em 11 de janeiro de 2022, tendo validado, até ao final de outubro desse ano, 512 denúncias das 564 recebidas, o que permitiu a extrapolação para a existência de um número mínimo de 4.815 vítimas desde 1950.

Aquando da apresentação do seu relatório, em 13 de fevereiro de 2023, a equipa liderada por Pedro Strecht defendeu a constituição de uma nova “comissão para continuidade do estudo e acompanhamento do tema”, com membros internos e externos à Igreja.

Neste contexto, a Conferência Episcopal procedeu à criação do Grupo VITA.





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