O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp) recebeu, nesta quinta-feira (20/6), um e-mail denunciando um suposto “salve” do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar o miliciano Ronnie Lessa, réu confesso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, na Penitenciária 1 de Tremembé, no interior paulista.
O Metrópoles teve acesso ao conteúdo do e-mail, enviado às 12h03 para o sindicato. O documento afirma que “os presos da P1 já receberam um salve para matar o Lessa” e que “a ordem é virar a cadeia”. Segundo a entidade, a unidade prisional é dominada pelo PCC. O Sifuspesp encaminhou a denúncia ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), ao promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), e ao secretário Marcelo Streinfinger, da Administração Penitenciária (SAP) paulista.
Ronnie Lessa foi transferido para a P1 de Tremembé, onde ficará isolado em uma cela de 9 m², no início da tarde desta quinta-feira, por ordem do juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da 5ª Vara Federal de Campo Grande (MS). O governo de São Paulo se opôs à decisão, alegando que a cadeia não tinha condições adequadas para abrigar Lessa. No e-mail, o denunciante afirma que a ordem para matar Lessa foi interceptada em “pipas”, como são chamados os bilhetes transmitidos pelos detentos. “O ‘jet’ da cadeia (integrante do PCC responsável pelos faccionados da unidade) pediu ‘bonde’ (transferência), porque não quer assumir essa responsabilidade”, diz o texto.
Segundo a denúncia, a cela de Lessa fica nas proximidades dos raios 1 e 2. “Todos os dias os presos perguntam se ele já chegou e, apesar de terem instalado câmeras na cela em que ele ficará, estamos receosos”, afirma. “Já vimos várias vezes a cadeia virar para matar presos do seguro e, pelo clima na massa, pode acontecer de novo.”
O denunciante relata que Lessa, por ser ex-policial militar e ligado a milícias, é “inimigo jurado” do PCC. De acordo com o texto, os detentos da unidade estão sendo “cobrados pelo comando para ‘zerar’ (matar) ele”.
O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) desejava que Lessa fosse transferido para o presídio de segurança máxima em Presidente Venceslau, também no interior do estado, devido à alta periculosidade do detento e seu envolvimento com milícias no Rio de Janeiro. Segundo a SAP, o Complexo Penitenciário de Tremembé, conhecido por receber condenados por crimes de grande repercussão, não é de segurança máxima.