Um álbum inovador, com canções que escaparam da censura em meio à Ditadura Militar, no Brasil: lançado em 1972, o disco Clube da Esquina, dos cantores e compositores Lô Borges e Milton Nascimento, virou assunto nos últimos dias, depois de ser escolhido como o nono melhor de todos os tempos, por especialistas da revista Paste, dos Estados Unidos.
Lô Borges já viu a obra ter destaque em diversas outras listas especializadas. Mas, para o artista, esta tem um significado especial, já que divide espaço com grandes ídolos que o inspiraram, por exemplo os Beatles.
“Eu fiquei muito feliz, muito honrado. Conversei com o Milton e ele tava super feliz também, então foi uma alegria generalizada, do pessoal do Clube. Um site internacional, com tantos artistas internacionais envolvidos na lista que, realmente, a honra foi maior um pouco. Porque o álbum Clube da Esquina, 50 anos ser um álbum reverenciado e ser referência para várias pessoas, não só no Brasil, como no mundo, é motivo de muito orgulho”.
Um olhar atento às letras do álbum duplo Clube da Esquina consegue enxergar referências à repressão imposta nos anos de chumbo. Lô Borges explica que nem mesmo a dureza daquele período apagou a criatividade dos músicos, no auge da juventude.
“O contexto do álbum, o contexto social muito inóspito, de falta de liberdade, ditadura matando pessoas, prendendo pessoas, censura. Era tudo muito difícil. A ditadura foi um dos piores momentos que a gente viveu, mas a gente conseguiu manter o foco na arte, nas músicas, nas canções, na feitura do disco. Ditadura incomodou, mas não ao ponto de tolher a nossa criatividade”.
Uma dessas faixas é “Tudo que você podia ser”, sobre um jovem que escolheu se conformar com a opressão militar, na época, em vez de ir à luta contra o autoritarismo.
52 anos depois do lançamento, a obra de arte dos mineiros desbancou, na lista de 300 discos, artistas como Beatles, Miles Davis, Bob Dylan, David Bowie, Rolling Stones, entre outros.
A revista que publicou o ranking reconhece que a escolha é subjetiva, mas que segue critérios como influência e atemporalidade. No entanto, para o professor Ivan Vilela, do Departamento de Música da Universidade de São Paulo, a lista traz em sua maioria obras ocidentais e, principalmente, de língua inglesa. Segundo ele, o critério não ficou claro, e essas escolhas tendem a ser menos técnicas.
Ivan Vilela diz que, apesar de não ter tido reconhecimento na época, o disco Clube da Esquina é o que mais trouxe novos elementos para a música de todo o mundo, influenciando a MPB, o jazz e o rock progressivo.
“É o primeiro disco que constrói a ponte com a música andina no Brasil. O uso do falsete como um recurso tímbrico. A imagem que a gente tem de África na música brasileira tava ligada ao samba e o Milton traz o congado, a música banto mineira. O Milton dá um outro estatuto pra percussão. Às vezes com um volume maior do que o da própria voz. Aliás, a psicodelia que ele traz pra música popular é uma coisa que não existia ainda nesse nível de profundidade”.
O especialista Ivan Vilela, que é pesquisador da obra do Clube da Esquina, cita, como exemplo, uma das mais conhecidas músicas do álbum, O trem azul, composta por Lô Borges. Ivan Vilela diz que a faixa três do disco é um rock, com elementos inovadores.
“Tem um frescor, tem algo de muito novo. O trem azul é uma música muito curiosa que não tem acorde menor, musicalmente a gente fala, é uma música só de acordes maiores e com uma harmonia complexa. Isso é uma coisa muito difícil de ser feita. Eles acabaram criando um estilo, um jeito de se tocar muito particular. Dentro da música popular brasileira é o disco, e isso é incontestável, que mais trouxe elementos novos, contribuição de inovações que passaram a ser usadas por todas as pessoas”.
Depois que o emblemático álbum foi escolhido como o nono do mundo, o cantor e compositor Milton Nascimento, também responsável pela obra, usou as redes sociais para comemorar. Segundo ele, os criadores ficaram “muito felizes com a notícia”, e encerrou dizendo “Sonhos Não Envelhecem”, trecho da canção Clube da Esquina Nº 2, mesmo nome do álbum.
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