Os investigadores analisaram dados de saúde de pessoas sem doenças graves que retiraram de três grandes estudos realizados no país na década de 1990, com o objetivo de perceberem se os multivitamínicos diários foram capazes de reduzir o risco de morte nas duas décadas seguintes.
As análises aos dados, publicadas no Jama Network, não encontraram evidências de que estes suplementos diários reduziram o risco de morte dos participantes. Pelo contrário, os investigadores identificaram um risco de mortalidade 4% maior entre os voluntários que tomavam estes multivitamínicos nos primeiros anos do estudo.
Os investigadores do novo estudo referem, por exemplo, que o ferro adicionado a muitas multivitaminas pode conduzir a uma sobrecarga deste elemento e aumentar o risco de doenças cardiovasculares e de diabetes. Da mesma forma, esclarece a equipa, os suplementos de betacaroteno podem aumentar o risco de cancro de pulmão e doenças cardíacas, ao contrário das fontes alimentares naturais deste pigmento, que protegem contra a doença.
Estes suplementos, que em Portugal são de venda livre, são conjuntos de nutrientes “oferecidos” na forma de pastilhas, pós ou xaropes, e tomados como complementos à alimentação. Especialistas alertam há vários anos para os diferentes riscos para a saúde da toma indiscriminada destes produtos e para a necessidade de serem tomados apenas quando recomendados por médicos.
De acordo com a organização American College of Sports Medicine (ACSM), o consumo de suplementos vitamínicos e minerais em doses que excedem as DDR por parte (doses diárias recomendas) de pessoas bem nutridas pode ter consequências para a saúde. O consumo prolongado de vitamina C pode por exemplo provocar problemas intestinais ou levar à formação de pedras nos rins.
Ao The Guardian, Neal Barnard, professor de medicina na Universidade George Washington, afirma ser necessário realizar mais investigação aos suplementos multivitamínicos, que muitas vezes “prometem demais e entregam de menos”.