Crianças com autismo e familiares festejam na Tardezinha Inclusiva em clima junino


Forró, decoração de São João e até uma quadrilha junina garantiram a animação de crianças com transtorno de espectro autista (TEA) e seus familiares, na tarde deste domingo (30). O Arraiá da Inclusão marcou a 31ª edição da Tardezinha Inclusiva, realizada pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Associação Paraibana de Autismo (APA) e Turma Tá Blz. O evento, que aconteceu no Centro Cultural de Mangabeira, foi animado pelo Trio Maria Sem Vergonha, entre outras atrações artísticas, e contou com oficinas de artes e muitas brincadeiras.

Nayemilly Teixeira, de nove anos, chegou ao Centro Cultural bem cedo, com o vestido tipicamente junino que a mãe mandou costurar. A produção foi montada para se apresentar dançando junto com a Turma Tá Blz. “Eu amo dançar, e me apresentar com o Tá Blz era meu sonho”, disse animada a criança, que ensaiou bastante para a apresentação.

A mãe de Nayemilly, Aricleia Teixeira, leva a filha aos encontros da Tardezinha Inclusiva desde o começou do ano. Para ela, isto é importante no desenvolvimento da filha com outras crianças. “Ela já fica ansiosa para poder participar das apresentações”, comentou.

Segundo o diretor-executivo da Funjope, Marcus Alves, a escolha pelo tema desta edição foi para proporcionar às crianças e seus familiares a integração na celebração do São João. “Trazemos temas referentes às tradições culturais nordestinas, neste projeto de inclusão pela arte, que ocorre no último domingo de cada mês”.

Marcus Alves destacou o avanço no desenvolvimento das crianças nos últimos dois anos e meio de realização do projeto. “Muitas delas ficavam apenas na porta, sem interação com as outras, mas com o tempo, passaram a participar, cantando e dançando. Além disso, de acordo com as mães, as crianças ficam mais dispostas a se envolver em outras atividades, em outros ambientes públicos, como vencer o medo de andar em uma escada rolante, numa ida ao cinema”, exemplificou.

Protagonismo – A presidente da APA, Hosana Carneiro, enfatizou que o objetivo das atividades é que a criança autista seja a protagonista, participando, e não apenas assistindo. “Esse é um espaço para que elas possam executar suas habilidades porque a cultura é terapêutica. A família vem à Tardezinha Inclusiva sem medo de ser julgada. Muitas crianças apresentam dificuldades de interação social, porque pode ser uma questão delicada, mas muitas já passaram a frequentar normalmente espaços públicos de convivência, como festas de família”, explicou.

Hosana Carneiro destacou que a Tardezinha Inclusiva é um espaço de acolher não só a criança, mas a família toda, sejam pais, mães, irmãos e avós, sejam pessoas atípicas ou não. “O espaço é aberto a todos, crianças, adolescentes e adultos. Essa interação é benéfica a todos”, frisou.

Em busca desse acolhimento e desenvolvimento infantil, Raissa de Almeida, levou pela primeira vez o pequeno Ravi Lucas, de apenas dois anos. Ele chegou ao local de camisa xadrez e chapéu de palha, aproveitando o pula-pula e brincando com as outras crianças. “Eu descobri que ele é autista há pouco tempo, então, trouxe ele para que ele possa conhecer outras crianças e se desenvolver mais. No dia a dia, ele não para quieto”, comentou a mãe do menino.

Animação – Uma das organizadoras da Tardezinha Inclusiva, Nik Fernandes, é quem dá o tom de animação do evento. Ela se apresenta com a Turma Tá Blz, um projeto musical realizado junto com o DJ Jhony Fernandes, seu filho. Como musicista, autista e mãe de autista, ela afirmou que a cultura é o gás que a pessoa autista precisa. “Fazemos um trabalho de terapia cultural. Muitas crianças têm habilidades, e aqui elas podem desenvolver. Aqui, estamos tirando a capa da invisibilidade”.

Na interação entre pessoas atípicas e típicas e nas relações entre pais e filhos, Roberto Ferreira e seu filho Luis Felipe, de sete anos, fizeram interpretações de clássicos do repertório junino. O menino cantou “Olha pro Céu”, de Luiz Gonzaga, acompanhado pelo pai ao violão. De quebra, ainda tocou gaita. Segundo Roberto, o trabalho deles é de musicoterapia, uma forma de estimular o filho, que descobriu o gosto pela música ainda aos três anos. “Meu pai me ajuda tocando, ensaiamos juntos e participamos de diversos eventos”, contou.

Programação – O evento foi aberto pelo grupo Difers de Hip hop, e contou com a quadrilha do Mickey e da Minnie. Ao mesmo tempo, as crianças puderam se divertir nos brinquedos infláveis, entrar na Cabana Bakana, participar de jogos e tirar fotos com o cosplay de personagens, como o Aquaman. Os participantes puderam conferir a apresentação do Coral de Flautas de Autistas com músicas regionais, regido pelo maestro e professor Ray, e o show de forró do Trio Maria Sem Vergonha.

A Tardezinha Inclusiva também contou com oficinas de slime, pintura facial e com a psicopedagoga Jacyanne Ielpo, oficina de artes com Escola Impactus, oficina de trancista com Tranças da Vinh, clínica de estética para as mães sob o comando de Estela Fernandes, procedimentos da Dental Center, atendimento jurídico, oficina do Grupo Bellas Artes, Escola Técnica São Vicente de Paula, adoção de pets, sorteios de brindes, Comedoria do Cabeça, Hoshi Sushi e Karla Maia Studio de Beleza.



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