Na manhã desta quinta-feira (11), a Polícia Federal (PF) deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa acusada de monitorar ilegalmente autoridades públicas e produzir notícias falsas, utilizando sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Entre os alvos da operação estão ex-servidores cedidos para a Abin e influenciadores digitais supostamente associados ao chamado “gabinete do ódio” do Governo Bolsonaro (PL).
De acordo com a PF, as investigações desta fase revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram vítimas das ações do grupo, que criou perfis falsos e divulgou informações sabidamente falsas. A suposta organização criminosa também teria acessado ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
“Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio”, informou a PF em nota.
As ações da operação se concentram no uso de um programa secreto chamado FirstMile pela Abin, utilizado para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio de aparelhos celulares. A Polícia Federal abriu um inquérito após uma reportagem do jornal O Globo identificar o uso da ferramenta para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre os investigados estão policiais federais, servidores da Abin, o então diretor da agência à época, Alexandre Ramagem, e o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão e negam as acusações.
As ações da PF continuam em andamento, e novas revelações podem surgir à medida que as investigações avançam, trazendo à tona mais detalhes sobre a suposta “Abin paralela” e as atividades ilícitas do grupo.
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