A chegada do Manto Tupinambá ao Brasil pegou de surpresa o povo indígena que vive no sul da Bahia e que aguardava há mais de 20 anos a devolução da peça pelo governo da Dinamarca. A indumentária retornou ao país como uma doação do Museu Nacional dinamarquês ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, que está se recompondo após a destruição de seu acervo no incêndio ocorrido em 2018. O manto foi apresentado à imprensa na última semana, sem a presença de lideranças indígenas.
A cacique Jamopoty, líder dos tupinambás de Olivença, na Bahia, considerou importante a devolução do manto, que, segundo ela, tem valor religioso e faz seu povo ser mais forte. Por isso, Jamopoty defende que ele seja entregue aos indígenas.
Segundo o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, não há possibilidade de o Manto Tupinambá ser levado para a aldeia do povo indígena.
Ele explicou que há um compromisso formal do estado brasileiro de que este exemplar fique no Museu Nacional, destino da doação feita pela Dinamarca. Na sua avaliação, não se trata de onde está o manto, mas sim do acesso a ele.
O manto, feito com penas vermelhas de ave guará, estava há mais de três séculos na Dinamarca e foi exibido em São Paulo no ano 2000, nas celebrações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil. No entanto, a peça voltou para a Dinamarca.
O governo brasileiro tem feito esforços para repatriar artefatos indígenas que se encontram principalmente na Europa. E, como resultado, na última quarta-feira, quase 590 peças que estavam no Museu de História Natural de Lille, na França, retornaram ao Brasil. Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o conjunto de objetos provém de mais de 40 povos diferentes.
Outros dez mantos, também confeccionados com penas de guará, continuam expatriados em museus europeus, segundo levantamento feito pela pesquisadora norte-americana Amy Buono, da Universidade de Chapman. Apenas no Museu Nacional da Dinamarca existem outros quatro, além do que foi devolvido ao Brasil.
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