A atualização de software de uma única empresa norte-americana de cibersegurança perturbou uma versão do sistema operativo Windows e lançou o caos informático num número indeterminado de empresas pelo Mundo, afetando milhões de clientes. Dito assim, pode até parecer coisa pouca, só que as anomalias nas plataformas da empresa CrowdStrike foram suficientes para entupir aeroportos, condicionar tráfego aéreo e ferroviário, parar emissões de TV ou impedir operações bancárias. Não tendo sido uma falha de segurança num sistema quase monopolista, a instabilidade nas plataformas usadas pela Microsoft veio mostrar, de novo, o risco da dependência tecnológica global de uma só empresa. Ao contrário do que acontecia há uns anos, chegámos hoje a um ponto em que a nossa vida – profissional ou pessoal – depende de uma mão-cheia de gigantes da digitalização como a Microsoft, Apple, Amazon, Alphabet ou Meta. É certo que já ninguém se imagina sem telemóveis, pagamentos eletrónicos, check-in digitais, partilhas em redes sociais e tudo o resto que a era digital nos trouxe, para o bem e para o mal. Mas o oligopólio em que vivemos está a retirar-nos liberdade coletiva e não apenas quando, como ontem, um gigante tecnológico engasga o Mundo. Ele retira-nos liberdade de escolha e torna-nos reféns numa espécie de ditadura que dificilmente seremos capazes de derrubar.
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