No dia de ontem (domingo, 28/07), o Monsenhor Valdomiro Batista de Amorim completou 61 anos de ordenação sacerdotal. Nascido em 13 de novembro de 1934 no Sítio Boqueirão, Distrito de Santa Gertrudes, no município de Patos, filho do agricultor João Rodrigues Amorim e de Isabel Batista de Oliveira, ele é o nono filho de uma prole numerosa. Os seus irmãos eram: José, Severino, Josefa, Maria do Socorro, Auta, Manuel, Maria de Lourdes, Rui, Maria do Socorro, Luís e Severino. Além de Maria, do primeiro casamento de “seu” João. Dos treze remanescem a segunda Socorro, Auta e Valdomiro.
Valdomiro estudou as primeiras letras com Ramiro Coelho, professor andarilho que apareceu no Sítio Boqueirão, e ainda na zona rural estudou na escola particular da professora Dona Eurídice.
A família conta como teria acontecido o recrutamento do garoto Valdomiro para seguir para o seminário. No início da década de cinquenta, o Pe. Zacarias Rolim de Moura, vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, em visita ao Sítio Boqueirão teria perguntado a um grupo de adolescentes quem queria ser padre. Rui, irmão de Valdomiro, teria respondido que queria. Quando contaram a história em casa, Rui refugou da ideia dizendo que só tinha dito aquilo, com medo do Padre Zacarias. Aí foi a vez de Valdomiro se manifestar: “Se você não for, eu vou!”
Na época a Diocese de Cajazeiras tinha criado em Patos o Seminário Mínimo São José e designado para sua direção o Pe. Joaquim de Assis Ferreira. Valdomiro se apresentou a ele e foi inscrito como o primeiro da turma que então se formou. Desta primeira turma foi o único que veio a se ordenar.
No dia 03 de março de 1951, Valdomiro apresentou-se no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, na capital do Estado, onde fez todos os seus estudos religiosos. Dom Expedito Eduardo de Oliveira, nosso primeiro bispo, o ordenou em 28 de julho de 1963, na Igreja de Santo Antônio, cuja construção não fora ainda concluída. Padre Valdomiro celebrou sua primeira missa na Catedral de Nossa Senhora da Guia.
Padre Valdomiro é colaborador e testemunha ocular da vida diocesana de Patos “desde o seu primeiro dia”. Vivenciou as transformações todas do Concílio Vaticano II, assistiu gerações de padres no clero da nossa diocese e colaborou com os nossos bispos, até hoje.
Padre Valdomiro assumiu as seguintes funções e paróquias na Diocese de Patos:
– Paróquia de Santa Ana em Santana dos Garrotes (1963);
– Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios em Nova Olinda (1965);
– Paróquia de Nossa Senhora da Guia em Patos (1966-1968);
– Paróquia de Santo Antônio em Piancó (1970-1973);
– Paróquia de São Sebastião em Patos (1973);
– Paróquia de Nossa Senhora da Conceição em Água Branca (1978);
– Paróquia de Santa Terezinha em Juru;
– Diretor da Rádio Espinharas de Patos (1981/1983);
– Paróquia de Nossa Senhora da Guia em Patos (1982);
– Paróquia de Santo Antônio em Patos (1984);
– Paróquia de São Pedro em Patos (1990);
– Vigário Geral (2005-2006).
Monsenhor Valdomiro só veio a parar de exercer o múnus sacerdotal quando problemas de saúde o tiraram de forma. Inicialmente, problemas nas pernas que o impediam de ficar muito tempo em pé, fizeram com que, autorizado pelo bispo Dom Eraldo, passasse a celebrar em casa e sentado. Suas missas de quarta-feira, reuniam tantos fiéis que quase interrompiam o trânsito na rua, em frente à sua casa.
Seus problemas de saúde têm preocupado os inúmeros amigos que fez em toda região, principalmente nas cidades onde trabalhou ao longo do seu profícuo trabalho pastoral. Inúmeros são seus admiradores em toda a Diocese, o que se verificava quando era saudado nas grandes concelebrações diocesanas.
Perguntado sobre o segredo para se viver tantos anos de ministério, Padre Valdomiro respondia que o segredo estava na consagração cultivada a cada dia. É autodeterminar-se para a missão.
“Se escorrego, me levanto! O padre não pode ser um funcionário da Igreja. Não pode se acostumar a ser padre. Não pode agir mecanicamente. O que me sustenta são minhas celebrações. Mas a última do dia deve ser com o mesmo entusiasmo da primeira”.
Padre Valdó também é conhecido por suas muitas anedotas, por sua constante alegria. Ele diz de si mesmo: “O que mais me alegra é ser sempre o mesmo moleque que trabalhava na roça”.
Com relação à sua passagem pela direção da Rádio Espinharas quero passar aqui um pouco do que sei, pois o acompanhei de perto naquele período, de 1961 a 1963. A Espinharas entrou numa crise financeira que levou quase à sua venda, por se acreditar que se tornara economicamente inviável. O diretor à época, numa reunião do clero, entregou a direção da emissora e sugeriu que a diocese a vendesse, alegando justamente os problemas financeiros. Temendo o fechamento da emissora, funcionários e colaboradores, procuraram o Padre Valdomiro, sugerindo que assumisse a direção da emissora e evitasse a sua venda. Depois de muita resistência, o Padre Valdomiro assumiu a direção e com o apoio de Dom Expedito e a ajuda de amigos que colaboraram com a direção, tomou algumas medidas até dolorosas, como a demissão de sete funcionários, e conseguiu contornou a crise financeira. Contando também com a colaboração de empresários patoenses que incrementaram os seus contratos publicitários. Com isto se impediu a venda da emissora naquela época. Outras crises financeiras aconteceram posteriormente, mas também foram vencidas pelas novas direções.
Enquanto a Diocese de Cajazeiras “chora” até hoje a perda da sua emissora de rádio, a Alto Piranhas, a Diocese de Patos continua a contar com a sua no trabalho de informação, cultura e entretenimento da população regional e de evangelização da população católica, a agora Espinharas FM.
Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado