A ministra da Saúde entrou com a força toda. Despachou o diretor executivo do SNS, também o destratou. Depois, instalou-se uma novela caricata no INEM. O homem que lá estava demitiu-se e o sucessor, já nomeado pela ministra, também bateu com a porta. Como se não lhe faltassem problemas, Ana Paula Martins arranjou mais uma frente de conflito com os administradores hospitalares, considerando-os “fracos”, errou os números das listas de espera nas cirurgias oncológicas, atrasou a contratação de novos médicos, já está debaixo do fogo sindical. Agora, caiu-lhe em cima a crise – sempre anunciada e real – das urgências obstétricas. De caminho, o pessoal político do PS vai sendo substituído pelo da AD no aparelho da saúde. Nada de novo. Pouco adianta a retórica política cruzada entre PSD e PS. Há muito que os dois partidos têm a responsabilidade de negociar uma reforma de fundo, que reforce o SNS e o retire da arena política. Que tenha o serviço ao cidadão como referência. Marcelo sempre soube isso e não deverá estar disponível para servir de pára-choques a uma ministra incendiária, por quem não morre de amores. Vai para o terreno dar a cara, exigir trabalho e entronizar Ana Paula Martins, que tem regado o fogo com gasolina, como a mais provável e primeira candidata a uma remodelação neste novo ciclo.