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OPINIÃO: Lobos solitários ou membros de uma alcateia? Quem é o ‘Alfa’ de Adélio Bispo?


O conceito de “lobo solitário” sempre aparece em discussões políticas e de segurança como uma explicação conveniente para atos violentos cometidos por indivíduos isolados. No entanto, ao olhar para o caso do recente ataque ao STF com fogos de artifício e as implicações de que o autor, conhecido como “Tio Fran”, agiu por influência de uma “alcateia”, a esquerda parece adotar uma visão dúbia e, em alguns aspectos, contraditória.

Ao rotular o autor como um “lobo solitário” que agiu por impulso, a narrativa parece querer distanciar possíveis influências externas e colocar a responsabilidade exclusivamente sobre o indivíduo, como uma forma de minimizar conexões com um ambiente que possa ter fomentado sua atitude. Contudo, isso levanta uma questão interessante: até que ponto indivíduos como Tio Fran ou Adélio Bispo, que esfaqueou o então candidato e ex-presidente Jair Bolsonaro, agiram completamente sozinhos, ou se suas ações podem ter sido, de alguma maneira, influenciadas por discursos, ambientes e ideologias.

Se considerarmos o conceito de “efeito alcateia” na ação de indivíduos que cometem atos violentos, estamos falando sobre o impacto do ambiente e das influências externas, que podem moldar comportamentos e visões de mundo. Um lobo solitário, mesmo que aja sozinho, raramente vive em completo isolamento ideológico. Em muitos casos, esses indivíduos são profundamente expostos a discursos e narrativas que validam suas convicções e ações, o que, por sua vez, cria uma zona nebulosa entre a ação individual e a influência coletiva.

No caso de Adélio Bispo, até hoje surgem questionamentos sobre quem, ou o quê, influenciou sua decisão de atacar Bolsonaro. A dúvida permanece sobre se ele realmente agiu como um “lobo solitário” ou se foi impulsionado por ideologias e motivações externas. Assim como Tio Fran, o comportamento de Adélio pode não ter sido determinado por uma “alcateia” específica, mas possivelmente por um ambiente de hostilidade e tensão social que o encorajou, direta ou indiretamente, a agir.

Dessa forma, ao defender que Tiü Fran pode ter sido influenciado por uma “alcateia” de discursos que justificam atos de hostilidade contra instituições, a esquerda entra em um paradoxo ao negar essa possibilidade no caso de figuras como Adélio. Isso gera a percepção de uma narrativa que ora minimiza, ora explora a ideia de “influência coletiva” conforme o interesse. Afinal, a questão persiste: os lobos solitários realmente são induzidos? Se forem quem seria o Alfa ? Vale a reflexão.

Hugo Alves – Analista Político



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