Segundo o Estadão, após o atentado que deixou uma vítima fatal em Brasília na quarta-feira (13), tensões internas surgiram na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Servidores da agência comentaram entre si que deveriam se preparar para responder a cobranças públicas sobre eventuais falhas no serviço de inteligência. No entanto, para surpresa de muitos, a Abin não foi convocada para as reuniões iniciais de resposta ao atentado, que contaram com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos, e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes.
A agência só emitiu uma nota interna três horas após a explosão, apresentando um resumo do que havia sido publicado na imprensa e alertando para o risco de novas ações. Segundo alguns agentes da Abin, a mensagem interna foi vista como insuficiente e inadequada, pois ressaltou mais o trabalho de “clipping” do que qualquer atuação preventiva da inteligência, gerando constrangimento entre os próprios servidores.
Além do descontentamento interno, a Abin causou desconforto ao afirmar que, até o momento, não havia indícios de que Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, agiu em colaboração com outras pessoas no atentado. A declaração despertou desconfiança entre setores da Polícia Federal, que investiga o caso sob a hipótese de que possa estar ligado a outras redes criminosas. O diretor-geral da PF, Andrei Passos, tem outra interpretação dos fatos, e sua análise vai em direção contrária à avaliação inicial da Abin.
Procurado pela imprensa para comentar o clima de tensão entre as instituições, Passos preferiu não responder. A Abin também não se manifestou sobre as críticas direcionadas à sua atuação.
A falta de protagonismo da Abin e o desconforto com a PF aumentam a pressão sobre o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Correa, que já enfrenta um processo de desgaste interno. A ausência de declarações oficiais por parte da Abin em um momento crítico reforça as dúvidas sobre sua atuação no campo da inteligência e expõe fragilidades na articulação entre as forças de segurança do país.
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