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Fuga de capitais estrangeiros da B3 atinge maior nível em oito anos

Fuga de capitais estrangeiros da B3 atinge maior nível em oito anos


A Bolsa brasileira (B3) registrou uma saída de R$ 25,9 bilhões em capital estrangeiro entre janeiro e novembro de 2024, segundo dados da consultoria Elos Ayta. Esse é o maior volume de retirada para o período desde 2016. Apenas em novembro, R$ 3,05 bilhões deixaram o mercado, marcando o maior saldo mensal negativo desde junho de 2024, quando foram retirados R$ 4,23 bilhões.

Einar Rivero, sócio da Elos Ayta, destacou que o desempenho preocupa investidores e economistas. “Nos últimos nove anos, apenas em 2018 e 2019 a B3 registrou saldos anuais negativos. E o cenário de 2024 é ainda mais alarmante, já que apenas três meses do ano – julho, agosto e outubro – tiveram entradas líquidas positivas”, afirmou.

A saída de capitais estrangeiros reflete, segundo Rivero, uma percepção de risco mais elevada. “Investidores internacionais são cruciais para a B3 porque representam um termômetro sobre a confiança no país. Quando começam a sair, o recado é claro: há mais dúvidas do que certezas no horizonte”, analisou.

Esse movimento, além de comprometer a liquidez, pressiona o câmbio e enfraquece o real. “Com menos dólares no mercado, o custo das importações sobe, alimentando a inflação. Empresas listadas na B3 com maior exposição internacional ou que dependem de capital externo ficam ainda mais vulneráveis”, explicou Rivero.

O analista também apontou o impacto direto no principal índice da Bolsa, o Ibovespa. “Saídas consecutivas de capital geram pressão de venda, prejudicando os papéis mais relevantes do índice e comprometendo o desempenho geral do mercado.”

A fuga de capitais ocorre em um contexto de desconfiança no mercado financeiro em relação ao governo Lula. Segundo pesquisa da Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4), 90% dos agentes do mercado avaliam negativamente a gestão do presidente, apesar de certa simpatia pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Marcos Lisboa, economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, afirmou que a desconfiança decorre da falta de entregas fiscais por parte do governo. “Os investidores apostaram que o atual governo traria solidez fiscal e juros menores. Isso não aconteceu, e as perdas foram muito significativas”, disse Lisboa à Folha de S.Paulo.

Ele apontou que o aumento da incerteza sobre as contas públicas tem levado a altas do dólar e dos juros de mercado. “O Tesouro tem enfrentado dificuldades para vender títulos, mesmo oferecendo taxas de juros muito altas, o que reflete a falta de confiança no futuro”, afirmou.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, rebateu as críticas e apontou indicadores econômicos positivos. Em publicação no X (antigo Twitter), ela destacou que o Brasil foi o segundo maior destino global de investimento estrangeiro direto em 2024, atraindo US$ 34 bilhões apenas no primeiro trimestre. Também lembrou que o Ibovespa alcançou seu recorde histórico de 136 mil pontos e que o PIB do país superou as projeções iniciais de 1,5% para o ano.

Entretanto, Lisboa afirmou que o problema está nas perspectivas de longo prazo. “Os investidores estão olhando para 2050, avaliando se o Brasil terá saúde fiscal para sustentar os compromissos assumidos. O governo não tem conseguido transmitir essa segurança”, concluiu.



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