Em sua primeira entrevista desde a vitória nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump reacendeu polêmicas ao sugerir que poderia retirar o país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Em declaração à NBC neste domingo (8), o presidente eleito afirmou que “com certeza” cogitaria abandonar a aliança militar caso os demais membros não cumpram suas obrigações financeiras e tratem os Estados Unidos de forma “justa”.
“Eles (os europeus) não compram nossos carros, não compram nossos produtos alimentícios, não compram nada. É uma desgraça. E, ainda por cima, nós os defendemos”, disse Trump, criticando a dependência militar dos aliados europeus e do Canadá em relação aos Estados Unidos.
A expressão usada por Trump, “pagar as contas”, refere-se ao compromisso voluntário de cada país-membro da OTAN em investir pelo menos 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. Esse objetivo, estabelecido na época da Guerra Fria, foi historicamente descumprido por muitos países, mas ganhou nova relevância após a invasão russa à Ucrânia em 2022. Atualmente, segundo a própria OTAN, a maioria dos 32 países membros cumpre a meta.
Ainda assim, Trump tem reiterado que os Estados Unidos, como a maior potência militar da aliança, arcam desproporcionalmente com os custos de defesa coletiva. Ele destacou que sua “atitude dura” já levou a contribuições adicionais de centenas de bilhões de dólares para a OTAN.
Trump, que reassumirá a presidência em 20 de janeiro, condicionou a continuidade dos EUA na aliança a mudanças significativas. “Se eles estiverem pagando suas contas e tratando os Estados Unidos de forma justa, com certeza eu ficaria com a OTAN. Caso contrário, consideraria abandoná-la”, afirmou.
A OTAN é considerada uma das alianças militares mais importantes do Ocidente, proporcionando segurança coletiva aos seus membros. O artigo 5º do tratado estabelece que um ataque contra qualquer membro será considerado um ataque contra toda a aliança, o que garante suporte mútuo em situações de crise.