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Banco Central queima mais US$ 3 bilhões em reservas para conter alta do dólar, mas moeda dispara


O Banco Central (BC) realizou nesta quinta-feira (26) mais um leilão extraordinário de dólares no mercado à vista, injetando US$ 3 bilhões (R$ 18,5 bilhões) para tentar conter a disparada do dólar, que às 10h21 era cotado a R$ 6,19, com alta de 0,61%.

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Com essa intervenção, o total de reservas cambiais utilizadas pelo BC nos últimos dez dias alcança US$ 30,76 bilhões (aproximadamente R$ 190 bilhões). Este é o maior volume de vendas de dólares para um único mês desde o início do regime de câmbio flutuante no Brasil, em 1999.

Especialistas apontam o desequilíbrio fiscal e declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como fatores que agravam a instabilidade cambial. Após sua alta hospitalar, Lula reafirmou críticas ao mercado financeiro, acusando investidores de especulação. Haddad, por sua vez, minimizou os alertas de analistas sobre a necessidade de ajustes fiscais mais rígidos.

“O governo insiste em transferir a responsabilidade de seus erros para o mercado, mas essa postura apenas aumenta a desconfiança dos investidores”, afirmou um analista econômico.

Os R$ 190 bilhões gastos pelo BC nos últimos dias são mais do que o dobro do impacto estimado do pacote fiscal aprovado na semana passada, que prevê uma economia de R$ 75 bilhões em 15 anos. Para analistas, além de insuficiente, o pacote foi implementado com meses de atraso, gerando dúvidas sobre a capacidade do governo de atingir suas metas fiscais.

A alta do dólar no Brasil também é influenciada pelo cenário externo. A China, maior importador mundial de petróleo, anunciou um pacote de estímulos fiscais para 2024, incluindo a emissão de 3 trilhões de iuanes (US$ 411 bilhões). A notícia impulsionou os preços do petróleo no mercado internacional, com o Brent cotado a US$ 73,92 (+0,46%) e o WTI a US$ 70,44 (+0,49%).

Entretanto, a situação doméstica brasileira continua sendo o principal motivo de preocupação para investidores. A combinação de inflação, juros altos, câmbio instável e mensagens ambíguas do governo sobre austeridade fiscal alimenta a volatilidade e a falta de confiança no mercado.

Com a taxa de juros prevista para alcançar 14,25% em fevereiro e o dólar em alta constante, o governo enfrenta desafios significativos para recuperar a credibilidade no mercado financeiro. Intervenções cambiais frequentes e onerosas podem, a longo prazo, enfraquecer ainda mais as reservas internacionais, um dos principais instrumentos de proteção da economia brasileira contra crises externas.



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