Um sucateiro que foi sequestrado e roubado ilibou, esta quarta-feira, dois arguidos que estão acusados de estarem envolvidos nos factos ocorridos há cerca de um ano em Aveiro, e que se remeteram ao silêncio no início do julgamento.
“Eles sempre foram pessoas educadas para mim”, disse o ofendido, recusando-se a acreditar que os arguidos tenham estado envolvidos nos crimes, tal como refere a acusação do Ministério Público (MP).
Os dois arguidos, de 19 e 22 anos, que estão acusados dos crimes de sequestro e roubo, optaram por não prestar declarações na primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Aveiro.
Perante o coletivo de juízes, o sucateiro disse que combinou encontrar-se com os jovens, que conhecia de vários negócios anteriores de compra de sucata, junto à estrada nacional n.º 109, em Cacia.
Pouco depois, quando seguia os arguidos por uma estrada de terra até ao local onde se encontraria a sucata, foi surpreendido por oito indivíduos não identificados, que o manietaram e agrediram para lhe roubar o dinheiro que tinha consigo.
O sucateiro contou ainda que, nesse momento, os dois arguidos gritaram para ele fugir e também fugiram “com medo”, adiantando que só voltou a vê-los no dia a seguir aos factos criminosos, quando o contactaram para perguntar o que é que lhe tinha acontecido.
Segundo a acusação do MP, os factos ocorreram na noite de 2 de agosto de 2023, na freguesia de Cacia, Aveiro, quando a vítima foi atraída para um local ermo a pretexto de lhe serem exibidos bens que pretendia adquirir.
A acusação refere que o ofendido estava a seguir a dupla por uma estrada de terra batida, quando foi surpreendido por três indivíduos encapuzados e com luvas que o agarraram e meteram um saco plástico na cabeça, tendo-o forçado a entrar na parte de trás da sua própria carrinha.
Os dois arguidos e os três indivíduos de identidades desconhecidas terão entrado depois na carrinha do ofendido e iniciaram a marcha para o meio de uma zona florestal daquela área, onde a estacionaram, retirando o ofendido do interior do veículo.
Nesse momento, de acordo com a acusação, saíram por trás da vegetação mais cinco indivíduos, igualmente encapuzados e com luvas, que se aproximaram dele e amarram-lhe as pernas com arame farpado.
De seguida, os arguidos e os oito indivíduos, cujas identidades são desconhecidas, exigiram ao ofendido que lhes entregasse todo o dinheiro que tinha na sua posse ao mesmo tempo que o agrediam com murros e pontapés, tendo-lhe subtraído 6.400 euros.
O ofendido acabaria por ser abandonado com os pés amarrados com o arame farpado, no mesmo local onde viria a ser encontrado mais tarde pela GNR.
Os detidos, que se encontram em prisão preventiva, não possuem qualquer ocupação profissional conhecida e, de acordo com a investigação, estão “amplamente referenciados” por anteriores atividades criminais.