As populações de baixa renda foram as mais atingidas pelas enchentes em Porto Alegre. A conclusão é do Observatório das Metrópoles, que cruzou dados do IBGE com os mapas produzidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
São bairros também que tem proporcionalmente uma população negra maior, explicou o pesquisador do Observatório das Metrópoles, núcleo Porto Alegre, André Augustin.
“Porto Alegre, acho que foi até o que variou mais. O primeiro lugar que alagou foram as ilhas, que daí sim, uma população bem pobre, parte morando em áreas irregulares e que quase sempre alaga, mesmo enchentes menores. Mas também o caso de Maitá e Sarandí, por exemplo, na Zona Norte. O Mai tá ali no quarto distrito próximo da Arena do Grêmio. O quarto distrito como um todo foi bem afetado. O Sarandí, mais próximo do Rio Gravataí, teve um problema com o dique que rompeu. Então são alguns dos bairros que concentram a população mais pobre”.
O pesquisador critica o plano da prefeitura para permitir mais construções próximas do Guaíba e em áreas que estão alagadas.
“O que a gente tem visto nos últimos anos, principalmente nas últimas duas gestões da prefeitura e mais fortemente na atual gestão do (prefeito Sebastião) Melo, é que se incentiva mais construções à beira do Guaíba e acho que deveria ser feito um movimento contrário. Quem já está morando em áreas que já têm em casa é mais difícil resolver, tem que pensar em obras. Mas, assim, pelo menos as áreas que hoje são preservadas, que são de vegetação, que não têm nada construído, deveria repensar todas as leis que fizeram nos últimos anos para evitar que se construa na beira do Guaíba”.
O pesquisador lembra que bairros mais ricos também foram afetados, mas que essa parte da população tem mais condições de se recuperar do que os mais pobres.