As chuvas no Rio Grande do Sul atingiram escolas e bibliotecas por todo o estado. Só o município do São Leopoldo perdeu 80 mil livros. Eliandro Rocha, que é escritor de livros infantis e contador de histórias, traz, como comparação, o desastre da biblioteca de Alexandria, na Grécia, quando 40 mil livros foram queimados.
Rocha explica que ainda não é possível mensurar quantos livros foram perdidos nas escolas de todos os municípios atingidos pelas chuvas no estado. Ele lembra que algumas escolas ainda estão debaixo d’água. E diz que a campanha já teve início por causa da logística de organização dos espaços para receber as crianças e adolescentes de volta.
“Nós já começamos a realizar o projeto por conta de toda a logística desses livros virem chegando até aqui e a gente ter tempo de limpar as escolas, organizar os espaços. De poder recompor esses acervos, trazer um pouco de leitura, um pouco de fantasia para o olhar dessa criança”.
Pessoas de todo o país podem doar livros nos pontos de encontro que serão montados. A campanha foca nos livros infantis e juvenis.
“Desde muito pequeno, eu sempre descobri que a arte nos humaniza. Nesse momento de crise que nós estamos, de catástrofe aqui no Sul, a solidariedade vem ligada à humanidade. Então, se a arte humaniza, vamos promovê-la. E o livro infantil é a primeira obra de arte que chega na mão de uma criança. É o primeiro museu que ela visita, através das imagens que tem no livro. É o primeiro contato dela com a fantasia com os mundos paralelos”.
Ediléia Martins: Eliandro, conta pra gente como nasceu essa campanha?
Eliandro Rocha: A campanha A Ponte nasceu a partir da ideia de a gente conseguir auxiliar na reconstrução das bibliotecas escolares que foram afetadas pelas indenizações aqui no sul. Nós sabemos que várias doações são importantes: água, alimentos, agasalhos e tudo mais. Mas eu pensei que, infelizmente, algumas pessoas não têm o objeto livro como uma necessidade básica. Acho que o livro é o início de tudo, a educação e início de tudo. E, preocupado e montar esses espaços de leitura para que tão logo as crianças possam voltar pras escolas, e com a produtora Lumina, nós tínhamos o projeto A ponte, que é justamente construir essa ponte entre o estado do Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil, numa grande campanha de arrecadação de livros infantis e juvenis, para recompor esse acervo de 80 mil obras que foram perdidas só no município de São Leopoldo.
Ediléia Martins: Como que faz, exatamente, para participar dessa campanha?
Eliandro Rocha: A gente tá buscando por doadores de livros. Infelizmente, nós não temos uma parceria com os Correios, devido à alta demanda de rotatividade de outros itens. Então, nós estamos abrindo pontos de recebimento em cada estado, para poder facilitar que os doadores daquele estado direcionarem esses livros para esse ponto e esse ponto vai trazer para a gente via transportadora. Outra maneira de doar é para aqueles que querem comprar um livro novo, em uma editora para enviar para a gente. Neste caso, da Ama Livros, que é uma editora e distribuidora aqui de Porto Alegre, que está recebendo os pedidos através do seu site, de sua loja virtual, e está organizando, através de um cupom chamado ‘ponte’.
