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Saiba o que são Mudanças Climáticas no 3º episódio do Crianças Sabidas

Saiba o que são Mudanças Climáticas no 3º episódio do Crianças Sabidas


CRIANÇAS SABIDAS – MUDANÇAS CLIMÁTICAS 

VINHETA  

LOC MIRIM: Mudanças Climáticas

ÁUDIOS DE REPORTAGENS SOBRE DESASTRES AMBIENTAIS:

O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está completamente alagado. Chegou a 10.555 o número de animais resgatados. A rodovia Transpantaneira foi atingida por um grande incêndio. A causa seria as altas temperaturas no estado, que passaram dos 40 graus e fortes ventos. O temporal que atingiu o litoral norte de São Paulo foi considerado o maior acumulado de chuva no país. 46 pessoas morreram em decorrência das chuvas. A crise da estiagem no Amazonas avança, os 62 municípios do estado decretaram situação de emergência . Até escolas chegaram a suspender as aulas. Doze cidades da Zona da Mata de Pernambuco, atingida fortemente pelas chuvas, estão em situação de emergência. Em Alagoas, são mais de 20.400 desalojados em decorrência das chuvas. Sete estados brasileiros estão com alerta vermelho para uma onda de calor. As temperaturas devem ficar 5 graus acima da média por mais de cinco dias. O Parque Nacional de Itatiaia registrou temperaturas negativas e geada na parte alta. As cidades serranas e da região sul são as mais castigadas. É mais uma onda de calor que atinge o país, e desta vez em pleno outono. As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a semana passada afetaram 90% dos municípios. Há ainda cerca de 300 mil pontos sem energia elétrica e 208 mil moradores sem abastecimento de água.

BG: UDI GRUDI – O trenzinho do Caipira  

MADU: Que triste!! Quanto desastre!!

AKEMI: É Madu, o tema é muito sério e afeta muita gente, cada vez mais gente no mundo todo. E vai impactar principalmente vocês, crianças de hoje, se nada for feito agora. Essas notícias todas são de eventos climáticos extremos que aconteceram aqui no Brasil, só nos últimos dois anos. Afetaram todas as regiões, com tempestades, secas prolongadas, ondas de calor que levam a incêndios, ondas de frio com ressaca no mar… estão cada vez mais frequentes.

MADU: Estou vendo que hoje o podcast vai ser tenso… vamos nos apresentar logo. Eu sou a Maria Eduarda, tenho nove anos e sou a perguntadeira oficial aqui do Crianças Sabidas. Com três episódios já posso assumir a função, né?

AKEMI: Pode sim Madu, o cargo é seu! Eu sou Akemi Nitahara, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação, apresentando esta produção original da Radioagência Nacional ao lado dessa menina fofa, curiosa e sabida! Mas vamos tentar deixar o assunto mais leve, apesar da gravidade. E aproveitamos a data de 5 de junho para tratar do tema, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente.

MADU: Efeito estufa, aquecimento global, mudanças climáticas, emergência climática… afinal, o que está acontecendo com o clima do planeta Terra?

AKEMI: Os cientistas já comprovaram que o planeta está 1,1 grau Celsius mais quente do que era antes da Revolução Industrial…

MADU: Só 1,1 grau? E já estão fazendo esse barulho todo? Só isso já causa tantas mudanças assim no clima do planeta? Quando eu saio aqui de Brasília e vou pro Rio de Janeiro já é muito mais do que 1,1 grau a diferença na temperatura.

AKEMI: Sim, é verdade, parece pouca coisa. Mas essa medida é uma média da temperatura do planeta todo, durante um ano inteiro. Então, em 2020, o planeta já estava 1,1 grau mais quente. É que nem quando você tem febre…

MADU: Nossa, febre é muito ruim, a gente fica com uma moleza no corpo, não consegue fazer nada…

AKEMI: Então, é tipo isso. A temperatura do corpo humano é mais ou menos 36,7 graus Celsius. Se fica 1,1 grau mais quente, com 37,8, já é febre, faz muita diferença, né?

MADU: É mesmo, entendi. Tá, mas voltando lá pra essa tal Revolução Industrial, o que aconteceu? Ainda não estudei isso na escola.

AKEMI: Foi o período de transição do sistema feudal de produção para as indústrias, saindo do trabalho manual no campo para as fábricas nas cidades. Começou lá por volta de 1800 e foi quando o mundo começou a queimar combustíveis fósseis com mais intensidade. Precisava de muita energia para mover as primeiras máquinas, que ficaram conhecidas como máquinas a vapor.

MADU: Mas isso faz tempo demais!! Não sei nem se é a minha tataravó que é dessa época.

AKEMI: É, se você pensar no tempo de vida de uma pessoa, é muito mesmo. Mas você sabia que a idade do planeta Terra é de 4 Bilhões e meio de anos? Considerando esse tempo todo, dois séculos não é praticamente nada. Inclusive, já teve muita mudança de temperatura nesse tempo todo. Você já assistiu aos filmes da Era do Gelo, né?

MADU: Claro, tem os mamutes, o tigre dente de sabre… Em um dos filmes eles têm que sair de onde moram porque o gelo está derretendo e inunda tudo. Em outro, o chão se mexe e uma montanha meio que empurra eles pra outro lugar.

AKEMI: Então, isso tudo aconteceu de verdade! Só que beeeeem mais devagar do que aparece no filme, né? Foi o derretimento do gelo depois da última era glacial e a deriva continental. As imensas placas de terra que formam os continentes realmente se movem. Aliás, continua acontecendo, mas é muuuuito devagarinho, a gente não consegue perceber. A não ser quanto tem terremoto, né? O que não costuma acontecer aqui no Brasil.

MADU: Mas então já teve época mais fria e mais quente antes?

AKEMI: Sim, a Terra já passou por outros aquecimentos e resfriamentos nesse tempo todo. Mas vamos chamar nosso convidado, que sabe muito mais sobre isso tudo.

RUALDO: Eu sou o professor Rualdo Menegat, geólogo, sou doutor em ciências e pesquiso, trabalho, dou aula no Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

AKEMI: Obrigada pela sua participação, professor Rualdo.

MADU: A voz dele está um pouco chiada e metalizada porque a gente fez a entrevista por telefone, ele está no Rio Grande do Sul, bem no meio dessas inundações todas que a gente está vendo.

AKEMI: Professor, primeiro, explica pra gente como funciona isso dos ciclos que a Terra passa, com essas eras de gelo e épocas mais quentes.

RUALDO: Sim, a Terra é um planeta incrível. Ela recebe muito calor do Sol. É o Sol que nos aquece. A atmosfera, que é esse colchão de ar que envolve a Terra, é o segredo da Terra, porque a atmosfera é capaz de manter uma temperatura homogênea, quer dizer, quente de dia e um pouquinho menos quente, mas agradável também à noite. Um gás importante da atmosfera é o oxigênio, esse que nós respiramos, mas ela tem também nitrogênio e outros gases em menor quantidade. Quando eles estão em grande presença na atmosfera, como o gás carbônico, a atmosfera pode ficar bem mais quente. Tão quente, tão quente, que o gelo que tem nos polos do planeta pode derreter totalmente. Mas se há pouco gás carbônico na atmosfera, pode ficar tão frio, tão frio, que o gelo então pode crescer bastante por conta das nevascas e com isso então, o planeta se resfria.

MADU: Mas agora o planeta não está nem muito quente e nem muito frio, né?

RUALDO: Estamos num momento muito agradável, não é? No passado, ele varia dependendo, então, da concentração desses gases, que nós chamamos de gases de efeito estufa, porque eles podem aquecer mais a atmosfera ou não, tá? E com isso, então, nós podemos fazer a história da atmosfera do planeta Terra. Sim, assim como os continentes também têm sua história, né, você deve ter já ouvido falar do continente Pangeia, da época dos dinossauros, não é mesmo? Depois, o Pangeia se fragmentou todo, originando os continentes atuais. A atmosfera também tem sua história. Na época dos dinossauros, a atmosfera era muito mais quente, porque existia muito mais gás carbônico e gases de efeito estufa na atmosfera, né, praticamente não tinha gelo nos polos, nem nas montanhas mais altas. Bom, depois então, no tempo mais recente, iniciou aquilo que se chama de glaciação. Isto é, o planeta fica um pouco mais frio, tem menos gás carbônico na atmosfera e durante o inverno, quando cai muita neve ele vai se acumulando. E o verão, como não é muito quente, não consegue fazer com que as temperaturas sejam muito altas para derreter a neve que se acumulou no inverno. E assim, então, a neve vai se acumulando, se acumulando, se acumulando, até que resfria todo o planeta. Nós chamamos isso de glaciação. A última glaciação, ela ocorreu há 120 mil anos atrás, né. E desde lá, a Terra ficou resfriada com o clima glacial até 11.700 anos atrás, quando então iniciou um período interglacial. Quer dizer, grande parte do gelo da época glacial se derreteu, né, levando então à situação atual, que nós chamamos ela de Holoceno. Você já ouviu falar de Jurássico. Pois é, o Jurássico é a época dos dinossauros e Holoceno é a nossa época atual.

AKEMI: Quando ocorrem eventos assim, ocorrem as grandes extinções de espécies também.

RUALDO: Sim, então há momentos muito críticos na história do planeta. Há momentos em que essas mudanças, elas podem ser mais bruscas. Então, toda a fauna, todos os bichos, a vegetação, a paisagem dos continentes que está adaptada por uma certa temperatura, ela pode mudar caso haja uma mudança do clima e com isso causar uma grande desestruturação da biosfera, da teia da vida, né. Isso faz com que, no período seguinte, então, a vida precise ser recuperada. No planeta Terra, quando nós olhamos toda a evolução da vida, nos últimos 550 milhões de anos, nós percebemos que houve cinco grandes extinções desse tipo, né. Uma das grandes extinções você conhece, é a extinção dos dinossauros, que aconteceu há 66 milhões de anos atrás. A cada grande extinção, ela abre uma nova era. A extinção dos dinossauros levou à era dos mamíferos. Dentre esses mamíferos, nós, os humanos, nos incluímos. 

MADU: Isso tudo é normal do planeta, mas por que agora é diferente?

RUALDO: Então, vejamos, se o clima da Terra depende dos gases de efeito estufa, e se eles podem variar na quantidade que eles existem na atmosfera, e disso também depende o clima, se nós como humanos temos atividades que lançam, né, que emitem muitos gases de efeito estufa na atmosfera, nós podemos mudar a atmosfera, né? Sim! Veja, o carvão, que é um bem mineral que se usa para queimar e produzir calor nas termoelétricas, nas usinas de energia elétrica, muito, muito frequente esse tipo de uso no hemisfério norte, em países como os Estados Unidos, a China, a Alemanha, a Inglaterra, né, essa queima do carvão, ela produz muita quantidade de gás carbônico. Então, desde 170 anos atrás, com a Revolução Industrial, que é a revolução dos motores, tá, dos motores que conduziam as locomotivas, que eram alimentadas por carvão, que se queimava numa fornalha, né, que a sociedade humana vem, então, emitindo gás carbônico, e essa grande emissão de gás, também produzida pelo petróleo, pela gasolina, né, a gasolina vem do petróleo, então, ao ser utilizada nos carros, ônibus, aviões, etc., a querosene, como o diesel, esses combustíveis também, emitem muita quantidade de gás de efeito estufa, que é o gás carbônico. Então esse conjunto que nós chamamos de emissões de gases, produzidos pela atividade humana, eles alteram então a composição da atmosfera no sentido de fazer com que ela se aqueça.

MADU: Ah, entendi… por isso que se fala aquecimento global!

RUALDO: No momento, esse aquecimento da atmosfera é de 1,5 grau. Parece pouca coisa, mas veja só, eu estou falando do aquecimento de uma atmosfera muito grande, é toda a Terra. Imagine o seguinte, vamos pegar o primeiro metro de água de todos os oceanos, o Atlântico, o Pacífico, o Índico, né? E vamos pegar toda essa água e colocar ela num grande tacho. Imagine agora aumentar um grau centígrado toda essa água. Nossa, é necessária uma energia imensa. E é, portanto, essa energia que está sendo acrescentada, esse calor, né, que está sendo acrescentado na atmosfera e que, portanto, está mudando o clima. E com isso, então, pode mudar a vida de cada um de nós.

AKEMI: Esse aumento de um grau e meio é uma previsão dos cientistas do IPCC, que é a sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. É um aquecimento que pode ser alcançado a partir de 2030. Ou seja, daqui a apenas seis anos.

MADU: Esse tanto de chuva que a gente está vendo, como aí no Rio Grande do Sul? É por causa do aquecimento?

RUALDO: Olha só o que acontece. Se a atmosfera fica mais quente, então ela dilata. É como encher um balão, ela aumenta de tamanho, não e´? Aumenta de tamanho um pouquinho, mas a atmosfera é muito grande. Então esse pouquinho é muito grande. E com isso, então, a atmosfera consegue armazenar maior quantidade de vapor d’água, né, de nuvens que produzem chuva. Na hora que essas nuvens, elas se condensam e precipitam como chuva, essa chuva pode ser muito forte. Então, é disso que se trata a questão da mudança climática. Ela muda o regime das chuvas. As chuvas que eram mais ou menos intensas, elas podem ficar muito intensas. E também o contrário, né, as secas, porque se chove muito em um lugar, falta vapor d’água, nuvens no outro. Então, isso faz com que as secas também possam ser muito acentuadas. E com isso, então, todo o ecossistema pode ir mudando, não só as plantações humanas, mas também as florestas, a casa dos bichos, também ela pode ir mudando e com isso nós podemos perder biodiversidade, podemos perder os nossos ecossistemas e isso então vai transformando também o planeta.

BG: UAKITI – Mother Nature’s Son  

AKEMI: Tem muitos cientistas pesquisando sobre isso. O IPCC reúne mais de 800 cientistas. O grupo foi formado em 1988, quando a Organização das Nações Unidas…

MADU: A ONU, aquela que cuida das coisas importantes para o mundo todo.

AKEMI: Isso, essa mesma. Então, os presidentes de todos os países que participam se reúnem todos os anos, na Assembleia Geral da ONU. Em 1988 a assembleia decidiu reunir cientistas para estudar os impactos que o aquecimento do planeta poderia causar, para a vida das pessoas, para as cidades, as florestas, os oceanos.

MADU: Desde 1988 que os cientistas estão falando disso, até hoje não fizeram nada pra impedir o aquecimento?

AKEMI: Pois é Madu. Eu era criança naquela época e já se falava no efeito estufa. Eu lembro de uma grande conferência que teve, chamou ECO 92, foi aqui onde eu moro hoje, no Rio de Janeiro. Por isso também chamaram de Rio 92. Foi em 1992, claro.
 
MADU:
Eu já ouvi falar disso.

AKEMI: Foi muito falado mesmo, essa foi a segunda Conferência sobre meio ambiente da ONU. A primeira tinha acontecido 20 anos antes, em 1972, em Estocolmo, na Suécia.

MADU: Nossa, muito tempo mesmo. E o que os cientistas têm falado?

AKEMI: Já foram publicados seis relatórios de avaliação do IPCC, o primeiro é de 1990. Além de outros estudos especiais. O último relatório que eles publicaram foi em março de 2023, vamos dar uma olhada nos principais alertas. Zé Carlos, você pode ler pra gente, por favor?

LOCUTOR: Claro, vamos lá:

BG: UDI GRUDI – O trenzinho do Caipira 40” 

LOCUTOR: As emissões globais de gases de efeito estufa continuaram a aumentar, com contribuições históricas e contínuas desiguais, resultantes da utilização insustentável de energia, do solo, dos estilos de vida e dos padrões de consumo e produção.

MADU: Tem muita desigualdade mesmo, a gente vê os países que começaram essa revolução industrial usando muito carro e usina a carvão e são chamados de desenvolvidos. Enquanto tem regiões do planeta que nem tem indústrias.

BG: UDI GRUDI – O trenzinho do Caipira 40” 

LOCUTOR: As alterações climáticas causadas pelo homem já provocam muitos extremos meteorológicos e climáticos em todas as regiões do mundo. As comunidades vulneráveis que, historicamente, contribuíram menos para as atuais alterações climáticas são afetadas de forma desproporcional.

MADU: Aí, é disso que eu estava falando.

BG: UDI GRUDI – O trenzinho do Caipira 40” 

LOCUTOR: Os atuais fluxos financeiros globais para a adaptação são insuficientes, especialmente nos países em desenvolvimento.

MADU: Como já dizia aquela música: o de cima sobe e o de baixo desce…

SOBE SOM CHICO SCIENCE: A cidade  
A cidade não para
A cidade só cresce
O de cima sobe
O de baixo desce

BG: UDI GRUDI – O trenzinho do Caipira 40” 

LOCUTOR: As políticas e leis que abordam a mitigação expandiram-se consistentemente desde o relatório 5, de outubro de 2014. A previsão das emissões globais de gases do efeito estufa em 2030 tornam provável que o aquecimento exceda 1,5°C durante o século XXI e tornem mais difícil limitar o aquecimento abaixo de 2°C.

MADU: Caramba! A situação é muito séria mesmo!!

AKEMI: É séria demais, Madu! E tem muitas crianças e jovens preocupadas com isso. Vamos ouvir agora a Greta Thunberg. Ela é da Suécia, aquele país onde teve a primeira conferência do meio ambiente, mais de 50 anos atrás. A Greta começou um movimento de greve estudantil. Uma vez por semana ela não ia pra escola e ficava na praça com cartazes, em protesto contra a falta de ações dos governos para diminuir os impactos das mudanças climáticas.

GRETA: You have stolen my dreams and my childhood with your empty words, and yet I’m one of the lucky ones. People are suffering. People are dying. Entire ecosystems are collapsing. We are in the beginning of a mass extinction and all you can talk about is money and fairy tales of eternal economic growth. How dare you? For more than 30 years, the science has been crystal clear. The popular idea of cutting our emissions in half in 10 years only gives us a 50% chance of staying below 1.5 degrees and the risk of setting off irreversible chain reactions beyond human control. 50% may be acceptable to you, but those numbers do not include tipping points, most feedback loops, additional warming hidden by toxic air pollution or the aspects of equity and climate justice. So a 50% risk is simply not acceptable to us, we who have to live with the consequences. There will not be any solutions or plans presented in line with these figures here today, because these numbers are too uncomfortable and you are still not mature enough to tell it like it is. You are failing us.

OVERVOICE: Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias, e eu sou uma das que têm sorte. As pessoas estão sofrendo. As pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão entrando em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam é sobre dinheiro e contos de fadas de crescimento econômico eterno. Como ousam? Por mais de 30 anos, a ciência foi cristalina. Reduzir nossas emissões pela metade em 10 anos só nos dá 50% de chance de ficar abaixo de 1,5 grau e do risco de reações em cadeia irreversíveis, além do controle humano. 50% podem ser aceitáveis para vocês, mas esses números não incluem pontos de inflexão, ciclos de feedback, aquecimento escondido pela poluição tóxica do ar ou os aspectos de equidade e justiça climática. Portanto, um risco de 50% simplesmente não é aceitável para nós, que temos de viver com as consequências. Não serão apresentadas soluções ou planos alinhados com esses números, porque esses números são muito desconfortáveis e vocês ainda não estão maduros o suficiente para dizer como fazer. Vocês estão falhando conosco.

SOBE SOM: UAKITI – Mother Nature’s Son  

AKEMI: Essa fala da Greta foi em setembro de 2019, na abertura do Encontro de Cúpula sobre Ação Climática. Na época ela tinha 16 anos e chamou a atenção do mundo todo para o problema.

MADU: Mas já faz cinco anos e não mudou muita coisa né? O que a gente pode fazer pra evitar o aquecimento do planeta?

AKEMI: É Madu, a tarefa é muito difícil mesmo. Cada um pode fazer um pouco, mas depende muito mais de ações e investimentos dos governos e empresas. Por exemplo, consumir menos carne e deixar de usar plástico descartável, como sacolas, copinhos e garrafas, ajuda, mas é bem pouco. É necessário mudanças mais estruturais nas cidades. Por exemplo, eu moro perto do trabalho aqui no Rio de Janeiro e consigo vir de bicicleta. Mas e aí em Brasília? É tudo longe e fica muito difícil abrir mão do carro, ainda mais porque tem lugares que nem tem ônibus coletivo, muito menos metrô ou trem, que emitem menos gases do efeito estufa.

MADU: Nossa, vamos ter que pensar muito para resolver esse problemão!

AKEMI: Com certeza. Mas algumas coisas já estão sendo feitas, como as medidas para a transição energética. Ou seja, deixar de usar combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o petróleo, para usar fontes renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica. E tem as Conferências do Clima, a de 2025 vai acontecer aqui no Brasil, em Belém do Pará!

MADU: Já temos assuntos para mais episódios, porque esse aqui já está ficando muito grande.

AKEMI: Tem razão, Madu. Vamos ficando por aqui e nos encontramos de novo em breve!

SOBE SOM: UAKITI – Mother Nature’s Son  

CRÉDITOS 
MADU:
Este foi o Podcast Crianças Sabidas, uma produção original da Radioagência Nacional.
 
AKEMI:
A produção, reportagem, roteiro e montagem foram minhas, Akemi Nitahara. A nossa perguntadeira oficial é a Maria Eduarda Arcoverde.
 
O José Carlos Andrade fez a locução das partes do relatório do IPCC e o Caio Freire Cardoso Oliveira, de 10 anos, gravou o título do episódio. A Sayonara Moreno fez a versão em português do discurso da Greta Thumberg.

Coordenação de processos e edição de Beatriz Arcoverde.

Gravação de Toni Godoy, Thiago Coelho, Lucinha e Jaiminho.

Interpretação em Libras da equipe de tradução da EBC.

A música da vinheta é Pindorama, da Palavra Cantada, na versão instrumental. Também entrou na trilha O Trenzinho do Caipira, de Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar, na gravação do grupo Udi Grudi; A Cidade, de Chico Science & Nação Zumbi, e Mother Nature’s Son, dos Beatles, na gravação do grupo Uakiti.

Você pode ouvir os outros episódios do Crianças Sabidas aqui na Radioagência Nacional, nos tocadores de áudio e com interpretação em Libras no Youtube. 

Obrigada a você que nos acompanhou até aqui! As produções da Radioagência Nacional tem distribuição e reprodução gratuitas, é um serviço jornalístico da Empresa Brasil de Comunicação, que faz comunicação pública para toda a sociedade brasileira. Confira outras produções nossas, como o Sala de Vacina e o Histórias Raras. Até a próxima!

 Sobe som   



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