O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), criticou a ausência de um comando político estratégico no governo do presidente Lula. Durante um encontro virtual promovido pela CNB (Construindo um Novo Brasil), corrente interna do partido, Guimarães destacou a necessidade de melhorar as relações com a sociedade, o Congresso e os governos estaduais e municipais, conforme reportagem da Folha de S. Paulo.
Guimarães apontou as dificuldades da articulação política do governo na Câmara, descrevendo a tarefa como árdua e causadora de insônia. “Tenho que me relacionar com toda a Casa, não é uma tarefa fácil, é um negócio muito doloroso. Tem dia que eu não consigo dormir por conta da tensão, da faca no pescoço e tudo mais que muitas vezes acontece nos bastidores aqui dentro (do Congresso) para a gente apoiar, aprovar as matérias de interesse do governo”, disse.
O deputado também criticou a falta de comprometimento dos partidos aliados ao governo, o que resultou em várias derrotas legislativas. Ele defendeu a distribuição de ministérios a partidos de centro e direita para formar uma base de apoio mais sólida, mas lamentou que esses partidos não têm se comprometido nas votações. Exemplos mencionados foram os vetos do presidente Lula em relação às “saidinhas” e às fake news.
Guimarães descreveu a situação como dramática e sugeriu mudanças no governo para enfrentar os desafios políticos. Ele destacou a necessidade de renovação na Esplanada dos Ministérios e uma reorganização do PT para combater o bolsonarismo nas redes sociais e nas ruas. Segundo ele, é crucial um comando político centralizado para conduzir a relação com a sociedade, o Congresso e os entes federados.
A articulação política de Lula no Congresso, liderada formalmente por Alexandre Padilha (PT), ministro das Relações Institucionais, tem sido alvo de críticas. Após uma série de derrotas, o presidente determinou sua participação em reuniões semanais para melhorar o relacionamento com o Legislativo, mas os erros persistiram.
Guimarães também destacou a necessidade de mudanças para preparar a reeleição de Lula em 2026, apontando a falta de centralidade política e a necessidade de uma comunicação mais eficiente. A comunicação do Executivo, atualmente sob comando interino de Laércio Portela, também tem sido criticada.
Procurado pela reportagem da Folha de S. Paulo, José Guimarães afirmou que a reunião da CNB era um debate interno de balanço e reorganização do partido. Ele ressaltou que suas declarações foram baseadas em análises de diversos dirigentes que cobram uma maior interação do governo com os estados e o PT. Guimarães enfatizou a importância de reconstruir a governabilidade e melhorar a comunicação das realizações do governo para aumentar sua aceitação popular.