Devido a sérios problemas familiares, a CPCJ de Felgueiras decidiu, em 2018, que a criança deveria passar a viver com o tio. Este era solteiro, mas vivia em união de facto com uma mulher e parecia ter capacidades de assegurar uma vida estável à menina.
De acordo com a acusação, “de uma frequência de segunda a sexta-feira”, o arguido dirigia-se durante a madrugada ao quarto da vítima enquanto todos dormiam para lhe tocar no corpo e para a despir.
O agressor sexual, diz o Ministério Público, usou força física para violar da sobrinha e no final do primeiro abuso, disse-lhe que se devia manter calada se não quisesse sofrer as consequências. As ameaças foram persistindo ao longo dos dois anos em que a vítima viveu com o arguido. Apesar dos crimes provocarem dor, nojo e vómitos, a menor não conseguiu denunciar o tio. Chegou a sofrer uma lesão numa zona íntima durante as agressões sexuais, mas nunca se queixou.
Foi a partir de 2020 que a menina começou a poder dormir aos fins de semana na casa da mãe. Um mês após começar a viver neste regime, contou tudo à progenitora e o caso começou a ser investigado.
O Ministério Público contabilizou 165 crimes sexuais em 2018, 170 em 2019 e 25 em 2020. O JN questionou a CCPJ de Felgueiras, que referiu que não se podia pronunciar sobre os processos.