As habituais segundas escolhas do selecionador Roberto Martínez, com exceção do guarda-redes Diogo Costa, o médio Palhinha e o capitão Cristiano Ronaldo – passou ao lado do desafio e continua em ‘branco’ no seu sexto Europeu -, não deram resposta e terminaram a fase de grupos da pior maneira, embora com a liderança do Grupo F já garantida, com seis pontos, que lhes permitem ‘apanhar’ a Eslovénia nos ‘oitavos’, a 1 de julho, pelas 20h00, em Frankfurt.
Vários foram os jogadores a reagir à derrota da seleção portuguesa. Roberto Martinez, selecionador nacional, também reagiu, referindo que este “foi o pior resultado”.
As declarações:
Roberto Martínez (selecionador de Portugal): “Um jogo em que entrámos mal, sofrer um golo marcou muito o que o adversário queria fazer. Tentámos ter boa atitude, olhar para a baliza e tentar o primeiro golo, que era importante, mas a Geórgia teve momentos-chave: o segundo golo, toda a energia e força, e o desempenho do guarda-redes. Temos de lhes dar os parabéns e olharmos para os oitavos de final com uma equipa mais preparada.
Não queríamos perder, mas agora temos todos os jogadores preparados com ritmo e outros descansados.
Quando perdemos, é uma mistura. Sofrer o golo cedo deu-lhes energia, força e crença.
(O golo sofrido aos 90 segundos) Foi um fator. Pensávamos controlar o jogo, mas quando adversário tem uma bola, uma crença, força… Para nós, era mais um jogo, pois não precisávamos de ganhar.
O VAR não foi consistente, pois há um lance antes com o Cristiano Ronaldo. Deviam ver se há contacto, se há grande penalidade. A situação no minuto 27 é ainda mais clara do que o penálti que sofremos.
Não precisávamos de ganhar, mas preparar a equipa, os jogadores individualmente. Não arriscar com situações como o Palhinha que só jogou 45 minutos, para não ficar em risco. O mesmo para outros jogadores”.
João Palhinha (jogador de Portugal): “A Geórgia mereceu ganhar e é preciso dar os parabéns. Foi um jogo menos conseguido da nossa parte. Agora queremos voltar a ser o Portugal dominador que já fomos e queremos voltar a sê-lo já no próximo jogo. Não é pelas duas vitórias que tudo estava bem como não é por esta derrota que tudo está mal. Vamos já começar a pensar na Eslovénia.
Podemos chegar à final. Temos valor e vontade para isso. Todos temos vontade de ganhar e vamos dar tudo frente à Eslovénia.
(Sobre erros do António Silva) Todos nós, futebolistas, passamos por estes momento. O António tem muito potencial, muito valor e por isso está aqui. O que aconteceu hoje ainda lhe vai dar mais força para continuar a crescer. Não tenho dúvidas de que o nosso querido António vai estar o máximo no próximo jogo”.
Pedro Neto (jogador de Portugal): “A nossa confiança não vai ser afetada. Queremos fazer o nosso trabalho, mostrar trabalho. Jogo difícil, entrámos a perder. Foi complicado, jogaram muito atrás para explorar com perigo o contra-ataque.
Não nos vai tirar a confiança, estivemos muito bem nos dois primeiros jogos.
Estivemos confortáveis no jogo, com oportunidades, boa entrada na segunda parte quando podíamos fazer dois golos, a jogar com confiança, mas eles muito atrás e a jogar no contra-ataque. Fizeram golo e complicaram.
Estamos todos aqui para ajudar, prontos e confiantes para o próximo jogo”.
Diogo Dalot (jogador de Portugal): “Temos vindo a demonstrar que somos um grupo forte. Sabíamos que hoje ia ser um jogo complicado, eles a jogar com bloco baixo e confortáveis com isso.
Não fizemos exatamente o que preparámos, fomos algo precipitados no último terço, o último passe demasiado à pressa em vez de trabalhar um pouco mais a bola e tentar encontrar espaços no momento certo.
A verdade é que o golo criou ansiedade na equipa, queríamos ir atrás do resultado a toda a hora, em vez de manter essa calma e tranquilidade. Acabámos por atabalhoar o nosso jogo.
(‘Onze’ diferente do habitual) São oportunidades merecidas, as pessoas que não confundam o jogo de hoje com algo dado. Os 11 mereceram, trabalharam muito para estar ali. Somos uma equipa de 26, não de 11. Todos temos de estar preparados. Hoje, não aconteceu, mas temos essa capacidade e vamos trabalhar durante estes quatro dias para reencontrar os nossos conceitos”.
Danilo Pereira (jogador de Portugal): “Não conseguimos penetrar, com uma circulação lenta e sem muita objetividade. Depois, também cometemos alguns erros e não conseguimos corrigir e acabaram em golo.
É sempre complicado analisar estes jogos. Não é para deitar culpas a ninguém, estamos todos para ajudar.
Houve muitas mudanças e isso também afeta a coesão. Conseguimos os oitavos de final, não queríamos esta derrota, mas agora é trabalhar para estarmos melhores.
Que venha a Eslovénia e vamos estar muito melhores do que neste jogo, com certeza”.
Reações dos adversários:
Willy Sagnol (selecionador da Geórgia): “A mensagem aos jogadores era para jogarem o seu futebol, com disciplina. Fizeram um jogo brilhante, acima de todas as expectativas.
É difícil perceber agora o que fizemos, talvez só quando acabar a competição. Não tenho muitas palavras hoje, estou orgulhoso. O que os jogadores têm feito neste Europeu deixa-me orgulhoso de ser o seu selecionador.
Quando somos uma das equipas pequenas na competição, sabemos que não temos nada a perder. Não queremos levar arrependimentos, temos de jogar o nosso futebol e desfrutar. Quando são França, Espanha ou Portugal existe expectativa e a pressão de ganhar, nós não temos, só deixar a nação da Geórgia orgulhosa dos seus jogadores e penso que conseguimos.
Agora vem a Espanha, que talvez tenha sido a melhor equipa desta fase de grupos. Não sei se será um desafio demasiado grande, mas vamos lutar como temos feito em toda a competição. Hoje, só acreditei no apuramento quando o árbitro acabou o jogo, porque no futebol tudo pode acontecer em pouco tempo”.
Kvaratskhelia (jogador da Geórgia, eleito melhor em campo): “Sim, tenho a camisola de Ronaldo. Conseguimos o apuramento, estou muito feliz. É um dia histórico, ninguém acreditava que podíamos vencer Portugal. Acreditamos em nós próprios, mesmos que exista apenas um por cento de hipótese, temos de acreditar e conseguimos.
O apoio dos adeptos é importante. Esse é dos fatores que contribuiu para a nossa vitória e quero agradecer, mesmo aos que nos apoiam a partir da Geórgia. A união faz-nos fortes e demos uma felicidade aos adeptos.
Quando jogamos pelo nosso país, temos muito orgulho. É o dia mais feliz da vida, este era um sonho. Também fiquei feliz com o título no Nápoles, mas é mais difícil aqui ao serviço da seleção.
Respeitamos muito a Espanha e conhecemos bem a equipa. Espanha e Portugal são das melhores, mas hoje demonstrámos que é possível ganhar, seja qual for o adversário. No Europeu, não existem equipas fáceis. Vamos dar o nosso melhor e estaremos lá para lutar”.