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Lula enfrenta forte pressão para cortar gastos apesar de ‘indicadores econômicos positivos’

Lula enfrenta forte pressão para cortar gastos apesar de ‘indicadores econômicos positivos’


Apesar da arrecadação recorde, aumento do PIB, inflação controlada e emprego em alta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta a pressão do mercado financeiro para reduzir os gastos do governo. Embora a economia brasileira esteja crescendo e gerando empregos, especialistas afirmam que a estabilidade do país é frágil, comparável à situação no governo Dilma Rousseff (PT), e pode se deteriorar rapidamente se a dívida pública não for controlada.

A economia brasileira cresceu 2,9% em 2023 e deve registrar um aumento de 2,3% em 2024, segundo o Banco Central. A inflação no primeiro semestre de 2024 foi de 2,52%, abaixo dos 3,16% do mesmo período do ano anterior. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio foi de 7,1%, a menor em 10 anos.

Apesar dos números positivos, o mercado financeiro exige cortes de gastos, com expectativa de que o governo reduza até R$ 46 bilhões em despesas em 2024, sendo R$ 15 bilhões já em julho, conforme o próximo relatório de avaliação de receitas e despesas do Ministério da Fazenda. Lula afirmou ao UOL que o problema não é necessariamente cortar gastos, mas avaliar se realmente é necessário ou se é possível aumentar a arrecadação.

Juliana Inhasz Kessler, professora de economia do Insper, alerta que a inflação está controlada devido a medidas de curto prazo, como a contenção de preços da cesta básica e dos combustíveis. Além disso, outras pressões inflacionárias, como as guerras no exterior e eventos climáticos que afetam o agronegócio, representam riscos. Ela também destaca que a baixa taxa de desemprego só é sustentável se acompanhada de investimentos em tecnologia e infraestrutura, que atualmente estão abaixo do esperado.

O empresariado está contratando, mas os investimentos estão caindo, refletindo uma falta de confiança no futuro. Kessler compara a situação a “fazer um bolo” sem dobrar todos os ingredientes, apenas o fermento, o que pode resultar em um colapso quando novas pressões surgirem.

A dívida pública brasileira, que até 2014 equivalia a 50% do PIB, vem crescendo rapidamente e pode atingir 80% até o final do ano. Comparando com outros países, Lula argumenta que a dívida do Japão é de 237% do PIB, da França 112% e da Itália 137%. No entanto, Kessler aponta que a dívida nesses países não cresce tão rapidamente quanto no Brasil, o que mantém o risco baixo para investidores.

O aumento da arrecadação devido a projetos como a tributação de dinheiro em paraísos fiscais e de fundos de investidores super-ricos não conseguiu conter o déficit nas contas públicas. A União gastou R$ 30 bilhões a mais do que arrecadou até maio, o que gerou desconfiança no mercado. Lula criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acusando-o de ter um “lado político” e trabalhar contra o país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considera as projeções pessimistas como especulações prejudiciais. Ele espera que 2024 tenha o melhor resultado fiscal dos últimos 10 anos, e destaca os bons níveis de emprego, renda e crescimento do PIB. No entanto, a professora Kessler adverte que a situação atual é semelhante ao governo Dilma e que a estabilidade econômica pode ser temporária.

Embora o governo Lula esteja lidando com uma economia em crescimento e indicadores positivos, a pressão para cortar gastos e controlar a dívida pública é intensa. O mercado financeiro permanece cético, e especialistas alertam para os riscos de medidas de curto prazo e a falta de investimentos sustentáveis. A próxima fase será crucial para determinar se o governo conseguirá manter a estabilidade econômica e a confiança do mercado.



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