Original, autêntica, criativa, diferente, especial. São alguns dos adjetivos que casam com o nome de Mísia, cantora e fadista que este sábado nos deixou, aos 69 anos. A notícia foi dada pelo escritor – e amigo da artista – Richard Zimler, nas redes sociais. “Partiu em paz, docemente, sem dores”, revelou o autor de ‘O Último Cabalista de Lisboa’.
Nascida no Porto a 18 de junho de 1955, filha de pai português e mãe catalã, no seio de uma família com raízes artísticas (a mãe era bailarina, a avó artista de music-hall e do burlesco), Mísia começou a cantar muito cedo, como amadora do fado, género que se propôs renovar. Contactou escritores e poetas, escreveram para ela nomes como Saramago, Agustina Bessa-Luís, José Luís Peixoto e Lídia Jorge, mas também os músicos Jorge Palma, Vitorino e Sérgio Godinho.
Ao longo da década de 1990 protagonizou concertos em grandes salas nacionais e internacionais, impôs o seu nome, conquistou uma legião de fãs – até mais lá fora do que cá dentro. Em 2004, foi condecorada com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras de França e no ano seguinte foi agraciada em Portugal com o grau de Comendador da Ordem do Mérito.
Há dois anos, lançaria o derradeiro trabalho: ‘Animal Sentimental’ foi um disco marcante, mas também um livro em que falou, sem pudores, de uma relação marcada pela violência doméstica, da mágoa de se sentir mais amada no estrangeiro do que no País, e da luta que travava, há anos, contra o cancro. Mísia, a cantora hipnótica, deixa-nos agora. Os detalhes do funeral estão por definir.