A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridos em 5 de junho de 2022, na região do Vale do Javari, no Amazonas. O relatório final, enviado ao Ministério Público Federal na última sexta-feira (1º/11), aponta que o crime foi uma represália às ações de fiscalização realizadas na área.
Após dois anos de investigações, a PF indiciou nove pessoas, incluindo Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, apontado como o mandante do crime. Segundo o inquérito, “Colômbia” forneceu os cartuchos usados na execução, financiou as atividades da organização criminosa e coordenou a ocultação dos corpos. Ele também enfrenta investigações por pesca ilegal e tráfico de drogas e está preso desde dezembro de 2022.
A investigação detalhou a brutalidade do crime: Bruno Pereira foi alvejado três vezes, sendo dois tiros no tórax e um na cabeça, enquanto Dom Phillips levou um tiro no tórax. Os restos mortais das vítimas foram encontrados em 15 de julho, após 10 dias de buscas, esquartejados, carbonizados e enterrados na mata, a cerca de 1 km do Rio Itacoaí.
O inquérito revela que o crime organizado na região está vinculado a práticas de pesca e caça predatórias, gerando temor entre os servidores de proteção ambiental e as comunidades indígenas. A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) já havia alertado sobre o desaparecimento de Bruno e Dom, que visitavam a área para uma série de entrevistas para um livro que o jornalista preparava.
Bruno, servidor da Funai, vinha enfrentando ameaças constantes devido à sua atuação contra atividades ilegais no território indígena. O caso evidenciou os riscos enfrentados por defensores ambientais e reforçou a urgência de medidas para proteger as populações indígenas e a biodiversidade da Amazônia.