A Taxa Selic, principal ferramenta da política monetária brasileira, oscilou fortemente ao longo dos governos desde Fernando Henrique Cardoso até os dias atuais. No entanto, um marco inédito ocorreu durante a gestão de Jair Bolsonaro (2019-2022): a menor taxa média da história recente, de 6,3% ao ano, incluindo o período em que os juros atingiram a mínima recorde de 2% ao ano em 2020.
Essa política de juros baixos foi impulsionada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que, em meio à pandemia de COVID-19, buscou mitigar os impactos da crise econômica. Em agosto de 2020, o Copom anunciou um novo corte de 0,25 ponto percentual, reduzindo a Selic de 2,25% para 2% ao ano, sua mínima histórica.
Apesar da medida, a economia brasileira ainda enfrentou forte retração. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, os economistas projetavam uma queda de 5,77% no PIB de 2020, enquanto a equipe econômica do governo manteve sua estimativa em -4,7%.
Evolução da Selic por Governo
- FHC (1990-2002) → 19,8%
- Lula 1 (2003-2006) → 18,4%
- Lula 2 (2007-2010) → 11,0%
- Dilma 1 (2011-2014) → 9,9%
- Dilma 2 (2015-2016) → 13,4%
- Temer (2016-2018) → 9,3%
- Bolsonaro (2019-2022) → 6,3% (incluindo a mínima histórica de 2%)
- Lula 3 (2023-hoje) → 12,1%
Impactos da Selic em 2% Durante a Pandemia
A Selic em 2% ao ano, o menor nível já registrado, teve efeitos diretos na economia:
- Crédito mais acessível: Financiamentos para empresas e consumidores ficaram mais baratos, impulsionando setores como o imobiliário.
- Dívida pública mais barata: O governo reduziu o custo dos juros sobre sua dívida, aliviando as contas públicas.
A Volta dos Juros Altos
Com o aumento da inflação a partir de 2021, o Banco Central reverteu a política expansionista e iniciou um ciclo de altas na Selic, encerrando o governo Bolsonaro com taxas mais elevadas. No terceiro mandato de Lula, os juros voltaram a subir, com uma média de 12,1% até o momento, tornando o crédito mais caro e impactando o consumo e os investimentos.
O governo Bolsonaro entrou para a história como aquele que registrou a menor média da Selic desde o Plano Real, com destaque para os 2% ao ano em 2020. Se por um lado a medida ajudou a estimular a economia no curto prazo, por outro, abriu caminho para um cenário inflacionário que exigiu aumentos posteriores nos juros. Agora, com taxas novamente elevadas, o mercado segue atento às próximas decisões do Banco Central e seus impactos para a economia brasileira.
