No ‘post’ em questão, onde mostra a imagem que lhe valeu o prémio – referente ao momento em que Ronaldo corre para a câmara de braços abertos a festejar um golo -, Marcelo lembra que, antes de sair de casa naquele dia, conseguiu ‘prever’ o que ia acontecer: “Estava ao telefone com um amigo meu e disse-lhe que o céu estava a cair com tanta chuva. Disse-lhe também ‘com a minha sorte, o Cristiano vai marcar um golo e vai correr na minha direção com os braços bem abertos à chuva'”.
Recorde-se que, no jogo em questão, que carimbou a presença de Portugal no Euro’2024, a Seleção Nacional venceu por 3-2 com golos de Gonçalo Ramos (18′), e Cristiano Ronaldo (29′ e 72′). Hancko (69′) e Lobotka (80′) também marcaram.
Leia a publicação na íntegra:
“Antes de sair e de ir para o Estádio do Dragão, estava ao telefone com um amigo meu e disse-lhe que o céu estava a cair com tanta chuva. Disse-lhe também ‘com a minha sorte, o Cristiano vai marcar um golo e vai correr na minha direção com os braços bem abertos à chuva’.
Aconteceu tudo muito depressa e eu agi com os meus instintos. Nem tive tempo para pensar.
Tive provavelmente três ou quatro segundos para apontar e tirar a fotografia. Cada passo que o Cristiano dava na minha direção, fazia com que fosse mais difícil enquadrar o ângulo, até que deixou de ser possível. No final das contas, sabia que tinha conseguido.
Tinha tantas certezas que até deixei o jogo aos 75 minutos e fui para o ‘media room’ para poder descarregar o meu equipamento e ver os ficheiros no computador.
Quando coloquei a minha câmara e a lente na mesa, reparei que a lente da frente estava muito molhada. Fiquei assustado porque pensei que a imagem poderia ter ficado desfocada, mas felizmente não só estava focada como até deu a sensação de estar algo exagerada, fazendo com que se tornasse numa imagem única. Não tinha dúvidas nenhumas de que tinha ali a fotografia da minha vida e que a única coisa em que pensava era nos World Sports Photography Awards.
Aos que pretendem seguir uma carreira no desporto, é algo que requer muita persistência, trabalho árduo e paixão. A fotografia desportiva é muito mais difícil do que as pessoas imaginam. E é ainda mais difícil enquanto freelancer. Tem sido uma jornada incrível, mas precisei de trabalhar para chegar onde estou. Nenhuma agência me abriu as portas e tive de trilhar o meu caminho como freelancer.
É uma jornada muito solitária. A maioria das pessoas não compreende totalmente o que tenho feito nos últimos anos. Mas há pessoas que me têm apoiado com amor incondicional. Este prémio é dedicado à minha mãe, Vera, que me educou com o maior amor que eu poderia receber. À minha irmã, Adrileia, que construiu as bases da minha educação, tal como o marido dela, o Paulo. À mãe dos meus filhos e à minha parceira, Denise, e especialmente àqueles dois, Luiz Victor e Diego, que têm o meu amor absoluto, eterno e incondicional, que são o meu tudo e completam a minha vida.
A todos vós, o meu mais sincero obrigado com todo o meu coração, amor, e tudo o que sou, tenho ou alguma vez serei”.