O tema da edição foi o “amor”, com a palavra escrita com a caligrafia de Margot Friedländer.
Nascida na cidade de Berlim, no seio de uma família judia, Anni Margot Bendheim viu toda a família morrer no campo de concentração de Auschwitz, atualmente na Polónia. Por ser a única a sobreviver ao regime nazi, a alemã tem dedicado a vida a falar sobre o que aconteceu durante o holocausto. Criou uma fundação em seu nome e tem dado diversas palestras a crianças e jovens sobre a sua história e o antissemitismo.
Aos 21 anos também foi capturada e levada para um campo de concentração. Lá reencontrou um velho conhecido, Adolf. Pouco depois de serem libertados, casaram e imigraram para Nova Iorque, nos Estados Unidos. Quando o marido morreu, Margot decidiu regressar à Alemanha.
Friedländer tinha doze anos quando Hitler chegou ao poder. Lembra-se exatamente como tudo começou e por isso sente-se na necessidade de falar. Durante a entrevista à revista, a alemã não hesitou em falar sobre o atual contexto político no seu país com a ascensão da extrema-direita. “Claro que estou a par do que se passa na nossa sociedade. Que cada vez mais jovens são atraídos pelos slogans de direita do AfD, que os ataques anti-semitas estão a aumentar e que os políticos estão a ser espancados na rua”, afirmou.
Apesar da idade, Margot não se cansa de lutar contra o esquecimento e por mais humanidade. “Não olhem para o que vos divide. Olhem para o que vos une. Sejam humanos, sejam razoáveis”, disse Margot em entrevista à Vogue.
Para realizar a entrevista, a Vogue encontrou-se quatro vezes com a centenária. A primeira vez foi em janeiro, num encontro por ocasião do Dia da Memória das Vítimas do Nacional-Socialismo. O segundo e o terceiro encontros aconteceram três meses depois para a prova de roupa para a sessão fotográfica. O último encontro com outra entrevista teve lugar no final de abril.
Atualmente, Margot vive num lar de idosos na zona oeste de Berlim. Gosta de companhia e de estar rodeada de pessoas.
