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Estados Unidos monitoraram Lula e possuem mais de 800 documentos ao longo de 50 anos, segundo Folha de S.Paulo

Estados Unidos monitoraram Lula e possuem mais de 800 documentos ao longo de 50 anos, segundo Folha de S.Paulo


De acordo com publicação do jornal Folha de S. Paulo, diversos órgãos do governo dos Estados Unidos monitoraram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por meio de pelo menos 819 documentos, totalizando 3.300 páginas de registros. As informações foram fornecidas ao jornalista e escritor Fernando Morais, biógrafo do presidente, abrangendo o período de 1966 a 2019.

A maior parte dos documentos foi produzida pela CIA, que mantém 613 registros sobre Lula, somando 2.000 páginas. Os registros incluem detalhes sobre a relação de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), autoridades do Oriente Médio e da China, além de planos militares brasileiros e a produção da Petrobras. Os requerimentos de Morais cobrem cinco décadas, desde a ditadura militar, quando Lula ascendeu no movimento sindical, até pouco após sua prisão em 2018.

Fernando Morais ainda não teve acesso completo aos documentos, que não incluem informações do atual mandato de Lula, iniciado em 2023. Com a ajuda do escritório de advocacia Pogust Goodhead, Morais solicitou registros de todas as agências dos EUA por meio da Lei de Acesso à Informação americana (Freedom of Information Act). Os primeiros dados foram recebidos do Departamento de Defesa.

“O presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimento. Mas pedi de todas”, disse Morais.

Até agora, foram encontrados 613 documentos da CIA, 111 do Departamento de Estado, 49 da Agência de Inteligência da Defesa, 27 do Departamento de Defesa, 8 do Exército Sul dos Estados Unidos e 1 do Comando Cibernético do Exército. O grupo ainda aguarda respostas do FBI, NSA e Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN). As agências têm um prazo de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se fornecerão os dados.

“É preciso jogar luz na relação entre os dois maiores países do continente americano. Esse é um direito do nosso cliente Fernando Morais e de todos os brasileiros. Estamos confiantes de que as autoridades norte-americanas atenderão nosso pedido”, afirmou Tom Goodhead, sócio-administrador global do Pogust Goodhead.

Em 2013, o programa Fantástico da TV Globo noticiou que a então presidente Dilma foi alvo de espionagem da NSA, baseada em documentos obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald com o ex-técnico da agência Edward Snowden. Em 2015, o WikiLeaks divulgou novas informações revelando espionagem contra Dilma, assessores e ministros, com grampos em 29 telefones de membros do governo.

Morais trabalha atualmente no segundo volume da biografia de Lula, após lançar o primeiro em 2021. Quando o material estiver pronto, ele terá de buscar nos Estados Unidos a íntegra em formato físico.



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